quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

They're Heading West

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Pode não parecer mas é o nome de uma banda e pode também não parecer mas a banda é portuguesa. Editaram o seu álbum de estreia em Outubro deste ano de 2015 feito de versões de músicas de outros projectos e de músicas deles próprios e interpretadas com a ajuda de músicos convidados.
A sua origem tem algum encanto pois os músicos que compõem este projeto decidiram há uns anos juntar-se para fazer concertos e ganhar dinheiro suficiente para viajar até aos Estados Unidos.
Além das viagens àquele país, o grupo foi atuando com regularidade na Casa Independente, em Lisboa, sempre com convidados, como forma de se comprometerem a tocar e ensaiar, uma vez que estão envolvidos noutros projetos e este primeiro trabalho reflete, quase metaforicamente, esse percurso que fizeram.
Têm uma sonoridade Indie bastante agradável e para se perceber a versatilidade deste primeiro trabalho ficam dois exemplos. Uma versão incrível da maravilhosa música do Samuel Úria. "Eu seguro" com a participação da Ana Moura e um tema original. Aconselho vivamente a ouvir numa viagem tranquila de carro pelo Alentejo profundo.



terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Dia clarear

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"Se você jurar
Eu posso até te acostumar
Numa vida mais à toa
É só você querer
Que tudo pode acontecer
No amor de outra pessoa
Base de um descanso milenar"
Dia clarear - Banda do Mar

Saudades de um futuro próximo com dias mais ensolarados.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Mãe

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Hoje já foi o sexto dia que nasceu sem a tua presença e, talvez por todas as festividades natalícias e respetivos momentos acessórios e consequentes, o momento que escolhi para te deixar algumas palavras merecidas e que, acima de tudo, me darão algum conforto nestes primeiros momentos sem te ter.
É importante dizer antes de tudo que fizeste um excelente trabalho e deixaste um grande legado. Fizeste-o primeiro com o teu marido, com os teus filhos, com os teus netos e com a tua família mais próxima mas também com muita gente que não te era nada mas, para ti, não havia qualquer distinção. E muitos deles estiveram lá para te dizer adeus, até aqueles que já não apareciam há muito tempo e alguns daqueles que nunca mereceram um micro momento do teu esforço, todos eles quiseram mostrar que tu foste e ainda ers importante nas suas vidas.
Foste uma mulher de armas, uma verdadeira matriarca que nunca viraste a cara a nenhuma adversidade, nem tua nem dos outros, assumias os problemas dos outros como teus e fazias mais do que o que estava ao teu alcance para ajudar.
Vamos sentir muito a tua falta, vamos sentir falta dos teus cozinhados maravilhosos, especialmente aqueles que eram os melhores croquetes e rissois de camarão do mundo. Mas por essas pequenas coisas e outras muito mais grandiosas vais ficar gravada para sempre na memória de quem te respeitou, de quem gostou de ti e de quem te vai continuar a amar.
Até sempre e continua a olhar por nós.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Salve a Bahia com h

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"Baiana cê me bagunçou
Pirei em tua cor nagô, tua guia
Teu riso é Olodum a tocar no Pelô"
Baiana - Emicida

No disco de 2015 do rapper brasileiro Emicida tem um tema muito especial chamado "Baiana" que num estilo moderno, contemporâneo e, acima de tudo,  extraordinariamente baiano, é uma singular homenagem a esse lugar primordial da cultura e história do Brasil, do seu povo e da sua cultura. Mais uma vez, Emicida cria uma bela canção plena de simplicidade e que, na versão do disco, tem a colaboração de um maiores embaixadores da música e da cultura baiana, Caetano Veloso.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Ordinarius

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Este termo estranho é o nome de um sexteto vocal originário do Rio de Janeiro e que junta vozes muito boas com arranjos inéditos e exclusivos incríveis. Utilizam o repertório rico e extenso da música brasileira mas também se aventuram por alguns temas internacionais. Já têm dois discos no currículo e o clássico da mpb "Disseram que voltei americanizada" é, na minha opinião, o tema que melhor caracteriza a sua identidade. Esta canção foi, propositadamente, criada para a luso-brasileira mais famosa da história, Carmen Miranda.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Isto é tão, tão bom!

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Tim Maia é sempre bom, são poucas as músicas dele de que eu não gosto e mesmo essas, depois do estatuto de quase mito que ele adquiriu, são suportáveis pois fazem parte da sua estória tão especial, única e apaixonante.
Esta interpretação da Céu da música "Eu amo você" eleva esta música aum nível brutal porque lhe dá contemporaneidade, dá-lhe a delicadeza inerente à interpretação feminina e fruto da própria voz da Céu mas garante-lhe, ao mesmo tempo, o swing e o soul únicos que o Tim Maia fazia questão de impregnar em tudo o que fazia. Adoro!!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Mais três deste novo Portugal

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Na sequência do post de ontem aqui ficam mais três exemplos excelentes da nova e ótima música que se anda a fazer em Portugal. Desta vez, There Must Be a Place, sim é o nome de uma banda e portuguesa, Brass Wires Orchestra e Golden Slumbers e, mais uma vez, as vozes femininas estão em maioria e recomendam-se.
Aproveitem.





quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Coisas que me andaram a passar ao lado aqui tão perto

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Bandas portuguesas jovens a tocarem música contemporânea e com estilos que se adequam melhor à língua inglesa e, por isso, não é de espantar que todas cantem em inglês. Já andam por cá há uns anos mas admito que me passaram totalmente ao lado, no entanto, têm uma ótima sonoridade e quem perdeu este tempo todo fui mesmo eu.
Por isso honra seja feita a quem já os conhece, a quem já os apoiou e a eles próprios, Isaura, Best Youth e Noiserv  por fazerem boa música. E o mais incrível é que, de onde estes vieram, há mais.








quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Samba de Cartola

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Hoje, dia 2 de Dezembro comemora-se, no Brasil, o dia nacional do samba e por uma coincidência mundana, nesta semana passam também 35 anos da morte do compositor, cantor, poeta e violinista, um dos pilares da escola de samba verde e rosa, Estação Primeira de Mangueira. Por isso, o samba que aqui fica é um dos muitos que compôs durante a sua inspirada vida, "Verde que te quero rosa".




sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Mais uma do Carlos Tê

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O Carlos Tê é um dos grande génios da música portuguesa, os seus poemas são sempre de simplicidade desconcertante de tão inteligente e suprema que é. Álguém disse que a simplicidade é o último degrau da sabedoria e quando o referiu deveria estar a pensar no Carlos Tê. Muitos dos seus poemas acompanharam a vida de toda uma geração e que gostava minimamente da música do Rui Veloso. Essa geração, na qual me incluo, tem pelo menos uma referência na sua vida onde consegue juntar uma memória a uma música escrita pelo Tê.
Por isso o Tê vai ser eterno, pois conseguiu ultrapassar a frontreira do universo da música e foi capaz de ganhar um lugar, naturalmente, merecido no universo das emoções, dos sentimentos e das memórias.
Esta semana ouvi pela primeira vez um tema do disco novo da Ana Moura e tive pena de saber logo à partida que esse tema tinha letra do Carlos Tê, fustrou-se, desde logo, a curiosidade de saber se eu teria a sensibilidade e a argúcia suficientes para adivinhar que aquele poema tinha Carlos Tê em todas as letras e palavras. A verdade é que tem e, só por isso, já agrega um valor acrescido à música mas també há que reconhecer que, quer a melodia, quer a interpretação, estão ao mesmo nível e transformam o conjunto em algo muito superior do que a simples soma dos três fatores.
Para quem gosta de Tê, diga lá se isto não é Tê em todo o seu esplendor:
"Anda perdido no meio das caboclas
Mulheres que não sabem o que é pecado
Os santos delas são mais fortes do que os meus
E fazem orelhas moucas no peditório dos céus
Já deve estar por lá amarrado
Num rosário de búzios que o deixou enfeitiçado"
O meu amor foi para o Brasil - Ana Moura

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Chico - Artista brasileiro

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É lançado hoje o documentário biográfico sobre o Chico Buarque de Holanda, um dos maiores compositor, letrista, músico e cantor da música popular brasileira.
Confesso que não foi, durante bastante tempo, um artista que eu adorasse. Sempre foi incontornável a importância fundamental dele na música do Brasil e da música interpretada em português, gostava de algumas das suas criações mas tinha um certo preconceito com a sua música e, especialmente com a sua voz.
Mas mesmo sem ele saber :), foi-me ganhando progressivamente e nesse trajeto, a sua obra teatral/ cinematográfica "A ópera do malandro" sempre foi um pilar sólido que grantiu sentimentos positivos permanentes para com ele. A trilha sonora do filme tinha uma vantagem quase existencial, nessa altura, para mim, tinha outros a interpretar as músicas do Chico. Tinha a magnífica interpretação da Elba Ramalho da incrível canção "O meu amor" com a actriz Cláudia Ohana, ou mesmo as participações do inesperadamente talentoso para a música, Edson Celulari, quem diria? A propósito da canção "O meu amor" é incrível como é que um homem consegue escrever um poema que só poderia ter saído da cabeça e do desespero de uma mulher.
A verdade é que, progressivamente, a antipatia respeitosa foi virando admiração pura e agora reconheço que estou definitiva e totalmente curado.
Por isso é com enorme expetativa que vou ficar a aguardar que este filme fique disponível.
Entretanto a trilha do fikme está já disponível e podem escutá-la já no Spotify. Destaco a linda versão da música "Sabiá" interpretada pela nossa Carminho e a linda homenagem à escola de samba do seu e do meu coração, a Estação Primeira, interpretada superiormente por Péricles, "Estação derradeira".
Juro e prometo que se um dia o voltar a encontrar nos seus passeios pela praia do Leblon e se ele me quiser escutar, peço-lhe desculpa.



sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Samba pra respirar

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"Sei que vou morrer
Não sei o dia
Levarei saudades da Maria
Sei que vou morrer
Não sei a hora
Levarei saudades da Aurora
Quero morrer numa batucada de bamba
Na cadência bonita do samba"
Na cadência de um samba - Cassia Eller

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Hugo Gonçalves no seu melhor

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Crónica deliciosa de quem conhece e ama o Rio.

"E o Rio, continua lindo?
Na Rua 3 do Vidigal, a TV no bar do Carlão mostra os jogos internacionais e os moleques suspendem a peladinha sempre que passa um mototáxi, o cheiro da gasolina tornando a humidade e a doçura da clorofila ainda mais pegajosas. O bar do Carlão: um barraco forrado a gordura e ferrugem, que serve hambúrgueres filé-minhau e onde a melodia do comentador desportivo, cantada nas colunas do plasma, parece narrar a peladinha dos moleques como se fosse uma final do campeonato do mundo. Lá em baixo, o mundo além da favela: o areal do Leblon ao Arpoador, o calçadão e a classe média-alta em movimento, uma fluidez erótica protagonizada por quem corre, pedala ou desliza num skate com pernas de caramelo e pele de muitos cremes franceses. Lá em cima: o morro Dois Irmãos, todo pedra e mato, Mordor dos cariocas, onde as nuvens se aninham como a namorada pós-orgásmica num motel. E, claro, um radiozinho a tocar algures em cada casa, quiosque, boteco, ônibus, a banda sonora da cidade entrecortada por buzinas, pregões, xingamentos e cantadas: "Me chama de previsão do tempo e diz que tá rolando um clima."
É tão fácil romantizar o Rio de Janeiro, encaixá-lo na esquadria do cartão-postal onde até adolescentes com metralhadoras na boca de fumo parecem figurantes de uma gigante produção, uma Cinecittà tropical-carnavalesca onde tudo vai dar certo. Mas, ao fim de quatro anos a morar no Rio, eu já não era um espectador embevecido com a exuberância. Mais larva do que borboleta, fui adicionado aos cariocas acostumados a levar porrada da cidade: atropelamentos, ônibus incendiados, falcatruas, má-educação, um polícia ou um bandido de dedo leve no gatilho, políticos que pagam a traficantes para conseguir o voto das populações, os que mandam e os que cumprem protagonizando a versão 2.0 das relações esclavagistas, a ganância e a indiferença fundindo-se num manual de antiajuda.
Henrik Jönsson, correspondente sueco, há dez anos no Rio, chama-lhe brazilian blues, a malária psicológica dos gringos: depois do arrebatamento, o coração machucado. Henrik contou-me como uma amiga estrangeira, com um forte caso de brazilian blues, preferiu fechar-se em casa, refugiando-se na música, atravessando o Brasil de Pixinguinha a Crioulo.
Quando, para mim, o samba se transfigurou em blues, recorri aos livros, os mesmos que tinham contribuído para ficcionar a paixão de viver no Rio: o Centro da infância de Rubem Fonseca, o Carnaval de Ruy Castro, as paixões sanguíneas de Nelson Rodrigues ou todas as possibilidades novelescas das mulheres cariocas de Sérgio Porto. Não que estes autores não tratassem a realidade, mas faziam-no sobre um tempo que deixou de existir, usando um diretor de fotografia e o apuro da ficção. Já dizia alguém: a realidade é um bom sítio para visitar, mas eu não moraria lá.
Só meses depois do regresso a Lisboa voltei a acreditar em Tim Maia quando canta Que Beleza ou em Paulinho da Viola esperando Para Ver as Meninas. Essa reconciliação com o Rio selou-se com a leitura de O Drible, de Sérgio Rodrigues, um romance alegadamente sobre futebol, mas que, sem esquecer a realidade - o racismo, o classismo, a putaria, a família, as rodas dentadas da existência carioca -, me devolve o Brasil pelo qual me enamorei. E não é apenas o magnífico uso de um português tão dilatado como preciso, cheio de entranhas e sinapses, ou as passagens sobre Gleyce Kelly (sic), a empregada de balcão e namoradinha de um dos protagonistas - "rosto bochechudo de Goldie Hawn esquecida no forno (...) tatuagem em seu ombro: um Bob Esponja da cor dos seus cabelos, sorriso débil mental arreganhado". Mais que tudo, é essa ideia de que há certos livros que têm a vida inteira entre a capa e a contracapa, neste caso, e a pretexto do futebol, o Brasil: o colosso complexo, bipolar, viciado em emoção, antes desdentado, agora de aparelho nos dentes, tão rico e tão pobre.
No final da vida, Murilo, personagem central do livro, um ex-cronista de futebol, Dickens carioca, e comedor colecionista de mulheres, procura entender o Brasil como eu sempre tentei, embora, ao contrário de mim, o país inteiro cavalgue no seu sangue épico, trágico e cómico: "Como fazer dessa suprema sacanagem, desse puteiro a céu aberto, um país? Impossível, você diz. Parecia mesmo, parecia? Aí alguém arranjou uma bola (...) outro maluco pegou no microfone e logo estava embelezando as jogadas mais toscas com umas retumbâncias ridículas de retórica. Pronto: metade futebol, metade prosopopeia, estava feito o Brasil."
Não sei se este livro serve como resposta derradeira para tamanha pergunta, mas sei que me apeteceu voltar a dizer, mesmo que saiba do risco da mentira: o Rio, meu irmão, continua lindo."
Hugo Gonçalves - Máquina de escrever
Diário de Notícias
31 de Outubro 2015

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Novas da Roberta Sá

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Novo disco da Roberta Sá, chama-se "Delírio" e é o seu sexto trabalho publicado.
Tem várias participações nomeadamente do António Zambujo e do Chico Buarque e os dois temas em que participam, além de serem dois momentos marcantes deste álbum serão, com certeza, dois temas que deixarão a sua marca na música lusófona. Mais dois duetos que tocam.



sexta-feira, 13 de novembro de 2015

"Rio você foi feito pra mim"

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"Rio você foi feito pra mim"
trecho da música Samba do avião - Tom Jobim



Uma das principais razões do meu amor pelo Rio de Janeiro é a minha paixão pela música e, consequentemente, pelka música que se faz no Brasil. E o Rio sempre foi um dos núcleos mais importantes de criação de música de qualidade nos mais diversos estilos musicais que caracterizam o Brasil. Foi a origem do samba e do Carnaval das escolas de samba, foi o centro nevrálgico do surgimento da Bossa Nova, foi o berço de muitos dos artistas que revolucionaram a música moderna brasileira a partir dos finais dos anos 70 e, também por isso, foi e ainda é o local onde se realiza um dos festivais de música mais emblemáticos do mundo.
Foi ainda a rampa de lançamento escolhida por muitos artistas doutros pontos do Brasil para o lançamento da sua carreira, tais como os baianos, João Gilberto, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia,  a gaúcha Elis Regina ou mesmo o Chico Buarque que, apesar de ter nascido no Rio passou uma parte da sua infância e toda a sua juventude fora do Rio, primeiro na Europa (Itália) e a partir da adolescência até aos seus vinte e poucos anos em São Paulo.
Há tempos voltei a ouvir esta música "Agamamou" de um grupo com mais de 20 anos, originário da região de São Paulo e que descobri na minha primeira visita ao Brasil, numas férias na região de Recife e que fazem um dueto com um dos mitos da música brasileira e do soul brasileiro, carioca da gem do bairro da Tijuca, Jorge Benjor.
A música brasileira é muito isto, uma festa, uma alegria contagiante mas também uma miscigenação de estilos sem qualquer tipo de preconceitos, onde o brega se junta ao soul ou ao samba para criar música de qualidade e momentos únicos de entretenimento. Há coisa melhor?

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Inspirações no outro hemisfério

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Levei dois livros de jovens autores portugueses, "Índice médio de felicidade" do David Machado e "O caçador do Verão" do Hugo Gonçalves, sendo que este último tem fortes ligações ao Rio pois viveu lá durante uma temporada e escreveu várias crónicas maravilhosas desde lá para jornais e revistas de cá. São dois ótimos livros que  me deixaram algumas notas para no subconsciente para as contrastar com a fase que temos vindo a viver.
Tanto uma como outra incluem temáticas negativas, o que pode ser incompatível com o ambiente descontraído de umas férias e podem ainda acentuar as fragilidades que advêm do momento menos bom que temos vindo a enfrentar.
No entanto, tanto num como noutro, há fragmentos que nos podem inspirara e a ver aspetos negativos por outro prisma e isso fez diferença.
Lembrei-me até de uma música que adoro, que se chama "Maneiras" do mestre Zeca Pagodinho e que, curiosamente, ouvimos um dia lá pelos lados de Ipanema e que acaba dizendo:
"Mas digo sinceramente
Na vida, a coisa mais feia
É gente que vive chorando
De barriga cheia"





quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Rio eu te amo

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Foi um regresso sentido e emocionado a uma das cidades que, felizmente, já faz parte da minha vida. A espera, desta vez, foi longa, passaram-se mais de 3 anos desde a última vez que esta cidade me acolheu. Essa tinha sido muito especial pois foi a primeira visita ao Rio com a C. e senti um privilégio enorme de ter o exclusivo desígnio de ser o seu "mestre sala" e dar a conhecer esta cidade que tanto amo à minha querida mulher. A cidade recebeu-nos de braços totalmente abertos como é seu hábito e proporcionou-nos, mais uma vez, momentos que irão ficar nas nossas eternas memórias. Não foi uma estada fácil devido ao momento complicado que estamos a atravessar mas não havia melhor cidade para amenizar a inquietação latente que temos vivido nestes últimos meses e para nos dar ânimo para encarar os próximos tempos que se continuam a afigurar difíceis, infelizmente. Foi uma visita especial por tudo isso e também por um facto importante e significativo tendo em conta a paixão que nutro pela música popular brasileira. Pela primeira vez estava no Rio numa data marcante para a história da música brasileira, o aniversário do nascimento de Vinícius de Moraes, o grande poeta ou poetinha, como gostava de ser chamado e como os amigos, carinhosamente, lhe chamavam. Curiosamente, no seu caso, esta alcunha não lhe retirava em nada a sua grandiosidade, pelo contrário, só a aumentava agregando-lhe a dimensão humana e intimista que só os grandes homens possuem e que lhes é reconhecida pelos seus pares. Ficaram muitas coisa para fazer, como ficam sempre, faltou tempo para estar com todos os amigos, faltou força de vontade para correr mais vezes no calçadão (apesar de terem sido mais vezes do que é normal mas menos do que tinha sido planeado) mas isso é só mais um dos motivos que nos fazem ter vontade de voltar e planear a próxima visita. Como diz a letra da música "Samba pra Vinícius":
"Que a vida não gosta de esperar
A vida é pra valer,
A vida é pra levar,"
Foram 12 dias muito especiais que esperamos os dois repetir o mais breve possível e, por isso, queremos os dois agradecer mais esta deliciosa experiência. Obrigado Rio e obrigado aos amigos que sempre nos recebem de braços abertos. Daqui a pouco a gente volta! Rio nós te amamos!!

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Mangueira - sambas candidatos ao Carnaval 2015

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Depois de um processo de seleção com várias etapas foram encontrados os 3 finalistas para o desfile da Estação Primeira no próximo Carnaval. Com um samba enredo que homenageará a cantora Maria Bethânia que fez 70 anos há pouco tempo e que tem como mote "Maria Bethânia, a menina dos olhos de Oyá". Os 3 candidatos têm bastante qualidade é bastante difícil escolher um mas, confesso que estou inclinado para a parceria do Lequinho, apesar de estar muito dividico com a parceria do Alemão do Cavaco. Alemão do Cavaco, Almyr, Cadu, Lacyr D Mangueira, Paulinho Bandolim e Renan Brandão Lequinho, Gilson Bernini, Júnior Fionda, Gabriel Machado, Flavinho Horta e Igor Leal Pedrinho da Flor, Cosminho, Alex Bousquet, Marcelo Mendes, Wagner Santos e Poeta

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

4 anos

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4 anos de cumplicidade, de felicidade, de vivências partilhadas. Estes já ninguém nos tira. Eu sei que há algum desacordo entre datas mas para mim esta, mesmo sem formalismos, foi a que marcou o princípio da nossa estória. Foi um início de Outono, um final de Setembro e um Outubro incrível e onde Milfontes foi uma testemunha presente desta vida conjunta que estava a nascer. E, por isso, nada melhor que Arlindo Cruz e Alcione para assinalar :)
"É demais o teu sorriso é demais minha saudade
toda vez que eu te vejo dá vontade
De voltar ao paraíso longe da realidade
desse amor é que eu falo de verdade"
Quando falo de amor - Arlindo Cruz e Alcione

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Dueto improvável

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Eddie Vedder e Beyoncé cantam "Redemption song" do Bob Marley no Global Citizen Festival em Nova Iorque há 3 dias.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

"We do it kind of different"

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Nos meus zappings noturnos acabei por afortunadamente encontrar completamente por acaso este casalinho apaixonado chamado Alex & Sierra que estavam a fazer a sua audição para o X-Factor americano. É uma edição antiga que está a passar num dos nossos canais de cabo.
Além de apaixonados eles cantam para caraças, com timbres que se complementam e conjugam e com uma química especial que advirá, com certeza, do estado emociona que atravessavam. E a adicionar a isso tem um sentido musical muito apurado que lhes permite marcar um estilo muito próprio, único e, mais importante que tudo o resto, muito sedutor que nos prende para perceber o que é que eles vão fazer a seguir e que eles classicam, na sua entrevista inicial como, "We do it kind of different".
E isso faz com que músicas conhecidas ganhem uma nova e espetacular dimensão nas suas vozes.
Aconselho a ver estas três atuações, a audição e duas das primeiras atuações no concurso onde se percebe claramente aquilo que refiro. Fiquei tão impressionado com o talento deles que procurei mais coisas e, infelizmente, o seu percurso no programa foi fazendo com que fossem perdendo a sua áurea e a sua diferença e que ficassem cada vez mais formatados ao standard pop que as audiências exigem.
Têm já, também, um disco lançado, que saiu em 2014 mas que fica também, muito aquém daquilo que prometeram inicialmente.
Pode ser que um dia decidam voltar ao seu início e que fez com que fossem notados.



quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Vida nossa Vida

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Hoje o que aparece aqui não é da minha autoria é de alguém muito mais eloquente que eu e, portanto, só por isso a qualidade do blog aumentou logo exponencialmente.
Recebi hoje estas palavras e esta música por email da pessoa com quem partilho tudo há 4 anos e, de tal forma, que não é parte da minha vida é a minha vida na sua plenitude e eu acredito que sou a dela. Como é habitual na nossa vivência, nada do que vivemos aparece sem uma banda sonora e, também aí, acrescentámos mutuamente experiências que se tornaram parte integrante desta nossa vida.
Uma vida que, acredito, não é a melhor do mundo e tenho a certeza que está muito longe de ser a pior mas que vale muito porque é a nossa e é vivida e experienciada em todos os momentos da nossa existência. Hoje, tal como há 4 anos para cá não tenho nenhuma dúvida em dizer-te aquilo que é mais cliché mas que só é cliché porque é verdade, amo-te C.

"Foi há quatro anos atrás de ontem, algures quando o dia acabava e quase outro começava, que te (re)vi pela primeira vez e daí em diante te veria repetidamente, até não mais parar de olhar para ti.

Já são quatro anos de histórias, entre um Van Gogh e um anel no dedo, já coleccionamos alguns crescimentos juntos. Sei que podia comemorar outro dia, mas porque não este, se entre o homem mais adulto que para mim és e o amante às vezes contido, há também o melhor ombro amigo.



Já há quatro anos… Entre os parabéns e os sorrisos, que venham outros quatro mais!"

sábado, 19 de setembro de 2015

Por causa de ti e de mim

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Porque és aquilo que és e sabes o que significas para nós. E, além disso,porque sabes que nesta altura, esta é a música para nós e não outra que significa ainda mais para nossa vida. Adoro-te...
'I am a bird girl
I am a bird girl
I am a bird girl now
I've got my heart
Here in my hands
I've got my heart
Here in my hands now
I've been searching
For my wings
I've been searching
For my wings some time
I'm gonna be born
Gonna be born
Into soon the sky
I'm gonna be born
Into soon the sky
'Cause I'm a bird girl
And the bird girls go to heaven
I'm a bird girl
And the bird girls can fly
Bird girls can fly
Bird girls can fly
Bird girls can fly'
Bird Gehrl - Antony and the Johnsons

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

"Clara como o sol que tudo anima"

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Não foi feita para ti mas o Caetano tem destas coisas. Tu és o sol que me anima e o teu ser é essa força e essa alegria que nos tem alimentado e espero que nos energize por muitos mais anos. Nada é como tu e eu.
"Há flores de cores concentradas
Ondas queimam rochas com seu sal
Vibrações do sol no pó da estrada
Muita coisa, quase nada
Cataclismas, carnaval
Há muitos planetas habitados
E o vazio da imensidão do céu
Bem e mal e boca e mel
E essa voz que Deus me deu
Mas nada é igual a ela e eu
Lágrimas encharcam minha cara
Vivo a força rara desta dor
Clara como o sol que tudo anima
Como a própria perfeição da rima para amor
Outro homem poderá banhar-se
Na luz que com essa mulher cresceu
Muito momento que nasce
Muito tempo que morreu
Mas nada é igual a ela e eu"
Ela e eu - Maria Bethânia

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

"Não vou dizer que foi ruim"

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Novo disco ao vivo do Lulu Santos, parece-me a mim que é gravado no épico Circo Voador. É uma falha marcante na minha lista de shows pois nunca vi Lulu ao vivo e a verdade é que acho que as suas músicas ganham uma dimensão vibrante quando tocadas ao vivo e se acrescentarmos a isso a veia inata de performer do Lulu Santos permite que os seus shows tenham, à partida, a garantia incondicional de umas horas muito bem passadas e energicamente dançantes. Esta "Assim caminha a humanidade" é uma das minhas preferidas e tem, no seu poema, a melhor fórmula para se terminar uma relação. Fórmula cheia de jeitinho carioca, claro.
"Não vou dizer que foi ruim
também não foi tão bom assim
Não imagine que te quero mal
Apenas não te quero mais..."

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Luizito da Mangueira

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Faleceu ontem o cantor principal da escola de samba Estaçaõ Primeira de Mangueira. Foi a ele que coube a pesada responsabilidade de substituir o consagrado Jamelão, pilar fundamental do Carnaval da escola durante inúmeros anos. Ainda no último Carnaval saiu consagrado da Sapucaí ao receber o maior prêmio do Carnaval carioca o Estandarte de Ouro do Jornal O Globo. A sua dedicação, garra e paixão pela sua escola e pelo Carnaval vão faltar no próximo desfile.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Demais

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O Canal Brasil que pertence à Globo criou um programa onde homenageia grandes cantores e cantoras brasileiras e grandes músicas do vasto universo musical da MPB, utilizando cantoras da nova geração. O programa chama-se "Cantoras do Brasil" e deu, inclusivamente, origem a um disco. Da temporada de arranque e única, até agora, é imprescindível destacar esta música da grande Elizeth Cardoso não só pela beleza da música em si mas também pela magnífica interpretação da Mallu Magalhães. O tema chama-se "Demais" e, por feliz coincidência, esse título reflete arrasadoramente a magnífica interpretação desta nova coqueluche da música brasileira que nós portugueses também, felizmente, temos vindo a desfrutar de uma forma mais presente graças ao projecto Banda do Mar.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

"Eu não nasci do mar mas sou daqui, já mergulhei pra não sair"

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A primeira estrofe desta música do Silva descreve fielmente a minha relação profunda, harmoniosa e quase orgânica com o Rio de Janeiro. Se tudo correr bem, voltarei brevemente a essa cidade que amo depois de 3 anos de ausência e, pela segunda vez, com a companhia da C. o que aumentará, com certeza, esse vínculo profundamente emocional com essa cidade e com tudo o que a compõe.

"Eu não nasci do mar
mas sou daqui
já mergulhei pra não sair

quem é de preamar
se encontra aqui
não há mais maré
baixa em mim

eu sou de remar
sou de insistir
mesmo que sozinho

só vai se afogar
quem não reagir
mesmo que sozinho"
Vista pro mar - Silva

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Cumplicidades

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A descoberta desta banda, Maglore, devo-a inteiramente à C., a minha mulher e cúmplice total nesta minha paixão pela música. E esta foi a música que ela me mostrou. Sempre acreditei que o Nicolau da Viola e os seus criadores, Rui Veloso e Carlos Tê tinham toda razão quando escreveram "não se ama alguém que não ouve a mesma canção". 

O poema desta música mostra também como é importante esta cumplicidade permanente e latente que eu espero que se mantenha infinita, pelo menos, enquanto dure.

"A gente tenta e reinventa formas de pensar
Sempre se convencendo que viver é bom
Como um abraço com os olhos fácil de sacar
Como estranhos que viveram um grande amor

E aí vem a condição de pensar
Sempre no "se fosse"
"Se antes não fosse", "se agora fosse"
Mudaria alguma coisa no final?

A gente vai seguindo em frente
A gente ri de si pra não chorar
Como uma dança diferente
Enlouquecendo para se curar

A solidão e os fones das pessoas na estação
E um labirinto pra se livrar da dor
A força imensa dos que ainda podem se alegrar
Guiam de forma branda os seus corações

E aí vem a condição de pensar
Sempre no "se fosse"
"Se antes não fosse", "se agora fosse"
Mudaria alguma coisa no final?

A gente vai seguindo em frente
A gente ri de si pra não chorar
Como uma dança diferente
Enlouquecendo para se curar

A gente vai seguindo em frente
A gente ri de si pra não chorar
Como uma dança diferente
Se esbarrando até se encontrar"
Dança diferente - Maglore

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Diogo e Zeca

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Esta música, "Quem vai chorar sou eu" é da trilha sonora da novela "Malhação" já tem um ano e junta duas gerações do samba do Rio de Janeiro, Zaca Pagodinho e Diogo Nogueira e essa parceria dá sempre bons resultados.
O vídeo, apesar de não ser brilhante, tem um cenário que encaixa sempre bem, o vídeo filmado na praia da Barra da Tijuca e tem, como cereja em cima do bolo, a Pedra da Gávea como cenário de fundo. Sobre as restantes personagens que participam vou abster-me de comentar.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

"Meu ziriguidum"

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Novo trabalho da sambista Aline Calixto, uma das meninas da Lapa. A música de promoção é este "Papo de samba". Gosto.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Música boa de e para o Verão

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Mais uma descoberta, desta vez feita pela C., dueto insólito daVanessa da Mata e do Emicida que representa mais um belo exemplo de um feliz encontro de dois estilos musicais aparentemente distantes e que, por ser bastante comum do outro lado do outro lado do Atlântico, aproxima naturalmente artistas e estilos musicais e faz com a música seja muito mais rica.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

O conceito de viniciano

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Crónica deliciosa da Anabela Mota Ribeiro que saiu originalmenteno jornal Público e que se pode encontrar no seu blog anabelamotaribeiro.pt . É uma homenagem inspiradora a um dos homens que mais admiro no mundo.
"Vinicius foi o mais viniciano dos homens. Tinha dito sobre Oxford: “Toda uma religião, mas nada de vivo: de lawrenciano, de rimbaudiano, de dostoievskiano, de shakespeariano ou quem você queira de fundamentalmente humano em si”. Vinicius imprimiu um adjectivo. O que só se faz sendo um substantivo e peras. O é que ser viniciano? É saber “comungar com um crioulo do morro e bater um samba com a faca na garrafa”. É ser “um poliedro cujo número de faces tende para o infinito – Jobim dixit.
Tom chamava-lhe o seu Poetinha. Vinícius chamava-lhe Tomzinho, Maestrinho Querido. Toda a gente era inha ou inho alguma coisa. Para Carmen Miranda, ele era “Vesúvio” – “coisa que me derrete”. Para os amigos, Vinô. Outros, depois de uma noite de estroinice, acenavam-lhe na rua, “Hello De Moraes”.
Foi Vinicius porque o pai admirava o herói romano de Quo Vadis, Marcus Vinitius. A epopeia, o desígnio, a heroicidade estavam-lhe predestinados. A sua biografia começa invariavelmente pela seguinte linha: “A música chegara a Vinicius antes mesmo que a palavra, pois ainda bebé, cantarolava uma canção de ninar com a primeira letra que compôs: “Ê batetê, ê cabidu”.
Nasceu na Gávea, bairro de classe média do Rio em Janeiro, no dia 19 de Outubro de 1913. A rua era assim: “A minha rua é longa e silenciosa como um caminho que foge”. O pai tinha o nome improvável de Clodoaldo: “Se trocámos dez palavras durante a sua vida foi muito. “Bom dia”, “Como vai?”, “Até à volta”. Há pessoas com quem as palavras são desnecessárias. A vontade mesmo era a de abraçar com ele, sentir-lhe a barba na minha, e prantearmos juntos a inépcia para construir um mundo palpável”. O pai era latinista, arranhava o violãozinho. A mãe adorava cantar. Lydia Cruz de Moraes. “Caminito, os primeiros tangos argentinos, fox-trotes, as primeiras valsas, tudo ouvi através do canto de minha mãe”. Levavam uma vida tranquila. Empobreceram. Mudaram-se para a Ilha do Governador. Anos antes da poesia luminosa, em contacto com o sol de Ipanema, a aproximação ao mar, aos pescadores, à existência dos simples fez-se ali. “Uma grande liberdade que a Ilha proporcionava, né?”
O carácter viniciano talvez tenha começado nesses primeiros anos: na abolição de fronteiras “entre o erudito e o popular”, na junção da “poesia com o samba e o asfalto com o morro”. Talvez tenha começado, nessa experiência de liberdade, a ser “o branco mais preto do Brasil”. Ainda não era (não podia ser) o que viria a ser mais tarde: poeta, músico, diplomata, jornalista, crítico de cinema. De whisky na mão, "O uísque é o melhor amigo do homem, ele é o cachorro engarrafado”. E “tombeur de femmes” – como se escreve na biografia editada pela JobimMusic (de onde provêm as citações deste texto). Casou nove vezes. Sobre o amor: “Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure!". Teve cinco filhos. “Filhos… Filhos? Melhor não tê-los! Mas se não os temos, como sabê-los? Porém, que coisa linda, que coisa louca que filhos são”.
Podia ter sido tudo. Não sabia o que queria ser. Estudou Direito. Na faculdade conheceu Otávio de Faria e Augusto Frederico Schmidt. Mais importante: leu Baudelaire, Rilke, Proust. Ancorou-se nos simbolistas e românticos, escreveu poemas místicos. Um nervo que demoraria a extirpar. O ascetismo ia bem com a forma poética, mas violentava-lhe a forma quotidiana. Praticava a volúpia como quem nada na Lagoa Rodrigo de Freitas. Acariciou as pernas de uma amiga da mãe, “moça de pernas atraentes”, escondido debaixo da sala de jantar. Tinha 15 anos quando compôs uma canção-declaração a “Louras e Morenas”. Foi a sua estreia na composição, ofício a que voltaria, apenas, daí a 25 anos. Já era então diplomata e o poeta fundador da Bossa Nova. Era outro homem.
“Poderia este livro ser dividido em duas partes, correspondente a dois períodos distintos na poesia do autor. A primeira, transcendental, resultante de uma fase cristã. Na segunda parte (…) estão nitidamente marcados os movimentos de aproximação do mundo material, com a difícil mas consistente repulsa ao idealismo dos primeiros anos”. A advertência de Vinicius, que consta da “Nova Antologia Poética”, originalmente editada em 1954 e reeditada recentemente no Brasil, alude ainda à “luta mantida pelo autor contra si mesmo no sentido de uma libertação dos preconceitos e enjoamentos de sua classe e do seu meio, os quais tanto, e tão inutilmente, lhe angustiaram a formação”. A advertência data de 49. A deriva, ou o desejo, ou a necessidade dela, eram antigos. O viniciano estava prestes a ser.
Mostrou o Rio a Orson Welles, my friend Welles, foi íntimo de Manuel Bandeira, o Mané. Ouviu Sarah Vaughn, “a última grande cantora negra, uma maravilha que vou ver sempre que posso”, queixar-se dos atrasos constantes de Tommy Dorsey. Louis Armstrong era “o camarada”. Também havia Carmen Miranda, Pablo Neruda, havia everybody. Era o homem a quem o presidente Kubitschek, Juscelino para Vinicius, encomenda uma sinfonia para celebrar Brasília [“Sinfonia da Alvorada”, com Tom Jobim]. Mas quem ele gostaria de ter sido era “meu grande irmão negro Pixinguinha. Foi o ser mais lindo que encontrei dentro da escala humana. Eu tiro o chapéu para ele”.
Era uma “usina de ideias” imparável. Era um purista que defendia o cinema mudo. Foi crítico, fundou um cineclube, assistiu a projecções privadas em Los Angeles. Concebeu e desenhou a arquitectura poética de “Orfeu Negro”, uma revisitação do mito de Orfeu e Eurídice passado numa favela e transposto para cinema.
Estava sempre apertado de grana. Escreve numa carta, em 1955, “estou precisadíssimo de dinheiro”. Noutra, de 48, confidencia: “A Carmen ofereceu a Tati um pequeno job, como uma espécie de secretária dela. Isso é segredo absoluto (a questão monetária), porque o Itamaraty pode não gostar. Mas ela vai ganhando uma gaitinha bem boa. E são só dois meses, um em Miami e um na Europa”. Ganhou uma gaitinha menos boa com o consultório sentimental Abra o Seu Coração, que assinava sob o pseudónimo Helenice, no tablóide Última Hora. Escrevia para aqui e para acolá, escrevia canções, escrevia livros de poemas. Nunca chegava – “Estou gastando como um verdadeiro Onassis”.
Supostamente ganhava a vida como diplomata. Primeiro em Los Angeles, depois em Paris, depois Montevidéu, novamente Paris, na sede da Unesco. Foi exonerado do Ministério das Relações Exteriores com um telegrama famoso: “Despeça-se esse vagabundo”. O surpreendente é que, apesar do deboche, do percurso errático, da afronta aos códigos do poder, o despedimento tenha tardado tanto: surgiu em 1969. O viniciano havia tomado conta de Vinicius.
As mulheres: Beatriz, como a amada de Dante – Tati para todo o mundo, com quem casou por procuração; Lila, Lucinha, Nelita (que foi raptada, para casarem na Europa), Cristina, Gesse, Marta, Gilda. “Eu sou um ser muito fiel, embora não pareça e digam que não sou. Esse negócio de parceria é um pouco como o casamento. De repente, sem que a gente saiba prevenir ou explicar, o negócio começa a mixar”.
Os parceiros: Tom Jobim, Baden Powell, Carlinhos Lyra, Chico Buarque, Toquinho. Ficou como um dos fundadores da Bossa Nova, mas esteve pouco tempo na Bossa. Zé Miguel Wisnik, um intelectual paulista, resumiu: “Vinicius sempre decepcionou a todo o mundo!”. Susana Moraes, a filha mais velha, prossegue: “A primeira metade da obra é metafísica, e tem um rompimento disso para uma poesia do quotidiano, directamente influenciada por Manuel Bandeira e pelos poetas modernistas. Quando começou a fazer música, o pessoal da poesia, inclusive João Cabral de Melo Neto, ficaram horrorizados. Depois, largou a Bossa Nova e foi fazer afro-sambas com Baden [Powel]. Depois foi ser “pop star“ com Toquinho, fazer shows para estádios. Aí, passou para uma fase completamente hedonista. Que também foi muito criticada”.
Faz parte dos atributos do viniciano o hedonismo. Vinícius recebia na banheira, onde passava parte do dia – com uma temperatura e uma aquosidade uterina. Com metros de fio de telefone, uma garrafa de whisky e um copo. “De manhã escureço, de dia tardo, de tarde amanheço, de noite ardo”. Era um fauno. Depois do anjo que pretendeu ser nos primeiros anos. Apolínio e dionisíaco ao mesmo tempo. Internava-se numa clínica perto de casa para recuperar dos excessos, “para fazer plástica no fígado”.
Escrevia cartas; a maior parte, não chegava a mandar. “Tomzinho Querido, estou aqui num quarto de hotel, que dá para uma praça que dá para toda a solidão do mundo” (1964). É 7 de Setembro, dia da independência do Brasil. Lamenta estar longe. Pede os seguintes menus no seu regresso a casa: “Um tutuzinho com torresmo, um lombinho de porco bem tostadinho, uma couvinha mineira, e doce de coco”. Era diabético.
Participou num movimento musical a que poeticamente se pode chamar “A Onda que se Ergueu no Mar”. “Chega de Saudade” foi a canção inaugural do movimento. Em 1958, o poeta com a reputação intacta, Oxford e a diplomacia no currículo, atrevia-se a escrever: “Pois há menos peixinhos a nadar no mar do que os beijinhos que eu darei na sua boca”. Neruda invejava-lhe a liberdade: “Não tive a coragem dele. Era o que mais gostava de ter feito: letras de música. Mas tive medo que me desprezassem”.
Escreveu abundantemente. Começou a compor quando Lila, a segunda mulher lhe perguntou “Porque é que você não compõe?” – 25 anos depois de uma canção para louras e morenas. Partilhou palcos com Tom e João Gilberto – timidamente. Transformou-se num pop star que enche estádios no mundo todo – com Toquinho e Miúcha, por exemplo. Deu azo a que o folclore ofuscasse a poesia. “A minha vocação fundamental, definitiva, digamos assim, é lírica”.
Morreu num dos seus “langorosos banhos”, no dia 9 de Julho de 1980. O seu epitáfio poderia ser: “Nasço amanhã, ando onde há espaço, meu tempo é quando”."
Anabela Mota Ribeira, publicado originalmente no Público

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Brutal!!!

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Cesena na Itália quer um concerto dos Foo Fighters e acharam que a melhor forma de o demonstrar à banda era tocar para eles mas à grande, com uma banda de 1000 pessoas. É claro que o resultado final é estrondoso.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Glória Mangueirense

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Está para ser lançado um documentário que homenageia velhas glórias da Estação Primeira e, consequentemente a sua história gloriosa e o contributo fundamental que esta escola tem vindo a dar ao samba carioca. Chama-se "Memória em verde e rosa" e conta com a presença e o contributo de diversos bambas da escola, nomeadamente, Nelson Sargento, Délcio Carvalho e Tantinho, Cantor, Compositor e Partideiro, nascido e criado no Morro de Mangueira e uma referência indiscutível desta história. Pela promoção, promete!
Memória em Verde e Rosa - Promo from Com Domínio Filmes on Vimeo.

Tantinho e Nelson Sargento | Papel Reclame from Com Domínio Filmes on Vimeo.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

A Bahia, o Rio, o samba, a bossa todos juntos em Oeiras

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Está quase, é já na sexta que vamos ter o prazer de ver atuar duas das principais figuras da música brasileira dos últimos 50 anos e são também dois dos principais músicos da minha lista de preferências. A verdade é que chegaram relativamente tarde à minha vida, o primeiro concerto que vi de Caetano foi na Expo 98 na sua turnée para promoção do seu disco "Livro" e que deu depois o disco ao vivo, "Prenda minha", grande show! Antes disso gostava mas não amava de paixão, as minhas referências da música brasileira eram outras, até aí, nomeadamente os pesos pesados da Bossa Nova, Tom Jobim e Vinícius de Moraes, a versátil Simone, Djavan e desde o início da sua carreira, a Marisa Monte. Se pensarmos que a sua participação conjunta no programa da RTP, Zip Zip foi há 46 anos, ou seja, quando eu era apenas um bebé recém nascido, a verdade é que a paixão por estes grandes músicos poderia ter surgido muito mais cedo. Esta turnée que temos o privilégio de receber chama-se "Caetano & Gil - Dois Amigos, Um Século de Música" e comemora os 50 anos de partilha e de cumplicidade destes dois amigos que já criaram tanta coisa maravilhosa quer individualmente, quer em conjunto que comprova que aquilo que geraram é muito mais grandioso do que a soma aritmética das suas obras. Vai ser um momento grande da minha e da nossa vida e, agora que o momento se aproxima, já é difícil conter a ansiedade de os ver entrar em palco.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Grande som

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O du o inglês de música eletrónica Disclosure, composto por dois irmãos, tiveram o privilégio de encerrar a edição deste ano do NOS Alive. Têm um ótimo disco lançado em 2013, "Settle" e agora estão a lançar um novo disco, "Caracal" que tem este grande som, um remix da música do jazzy americano Gregory Porter, "Holding on".

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Talento sobre talento

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O Sting é um dos meus músicos e cantores favoritos desde os tempos dos Police, está em grande forma como tive oportunidade de ver na semana passada no Super Bock Super Rock e o seu trabalgo é muito consistente. Podemos retirar uma música de qualquer fase do seu percurso e encontramos sempre boa música. No entanto, penso que será unânime considerar que a fase dos Police é verdadeiramente marcante em termos de sucesso e de quantidade e qualidade de músicas que lançaram. Foi a fase mais pop e mais "acelerada" da sua carreira, ajustada à própria juventude os elementos do grupo tinham na altura. Agora juntem estes elementos a uma força da natureza, cheia de talento da atualidade chamada Bruno Mars e só pode este momento que contagiou de forma irressistível até as mais altas figuras presentes.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Grande swing

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Novo disco da inglesa Lianne La Havas e um tema carregado de soul "What you don't do", perfeito para um fim de tarde cheio de sol, sal, areia e mar.
Aproveito para, além da versão original, partilhar também o remix feito pelo Tom Misch que também incorpora o clima anterior mas com já juntando um mojito ao anterior cenário.



terça-feira, 21 de julho de 2015

Momentos do SBSR

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Na quinta, concerto envolvente e inebriante do Sting que está em plena forma, no sábado, show muito cativante do Rodrigo Amarante que me surpreendeu e me ganhou. Festa de uma noite de Verão da Banda do Mar que nos apaixonou e contagiou com a química e as cumplicidades que partilham no palco e que deixou muitas saudades mesmo antes de terminar, momento único e surpreendente quando tocaram o tema dos Los Hermanos, "Ana Júlia" que, em tempos, foi totalmente renegado pelos membros da banda. A seguir um pouco do Groove de sampa de Criolo com uma grande banda a acompanhá-lo.
A apoteose de sábado foi um espetáculo irrepreensível, grandioso, entusiasmante e pleno de adrenalina dos Florence + The Machine com a Florence Welch numa noite mágica, vibrante e excitantemente imparável e irresistível.
Foi isto.


Heavy cloud no rain - Sting


Hourglass - Rodrigo Amarante


Cidade Nova - Banda do Mar


Sucrilhos - Criolo


Dog days are over - Florence + The Machine


sexta-feira, 17 de julho de 2015

"A correr"

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Em todos os álbuns que o Camané lançou, até agora, há sempre pelo menos uma música marcante. Este novo disco, felizmente, não foge à regra. "A correr", é uma música inédita do compositor francês Alain Oulman que muito contribuiu para a intemporalidade e a imortalidade da Amália. A letra, da escritora Manuela de Freitas, é um poema magnífico e extremamente atual que faz totalmente jus à música que o recebe.
"Corre a gente decidida
Pra ter a vida que quer
Sem repararmos que a vida
Passa por nós a correr
Às vezes até esquecemos
Nessa louca correria
Porque motivo corremos
E para onde se corria

Buscando novos sabores
Corre-s'atrás de petiscos
Quem corre atrás de valores
Corre sempre grandes riscos
E dá pra ser escorraçado
Correr de forma dif'rentre
Há quem seja acorrentado
Por correr contr'a corrente

Num constante corropio
Já nem sequer nos ocorre
Que a correr até o rio
Chegand'o mar também morre
Vou atrás do prejuiso
Vou à frente d'ameaça
Morremos sem ser preciso
E a Correr, a vida passa

Percurrendo o seu caminho
Correndo atrás do sentido
há quem dance o corridinho
Eu canto o fado corrido
E o que me ocorre agora
Pra não correr qualquer p'rigo
É correr daqui pra fora
Antes que corram comigo
Vou correr daqui pra fora
Antes que corram comigo"
A correr - Camané 

quinta-feira, 16 de julho de 2015

O rap e o samba

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Emicida e Mestre Wilson das Neves no disco do rapper de 2013, "O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui". A música chama-se "Trepadeira".

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Descoberta da Bahia

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Banda de rock alternativo com alguns sintomas de Los Hermanos o que é muito positivo. Chamam-se Maglore, são de São Salvador da Bahia, lançaram este ano o seu terceiro trabalho mas eu ainda ando encantado com o primeiro, chamado "Veroz" e que les permitiu serem considerados uma das revelações da música brasileira no ano de 2011 pelo jornal Globo. Como é que eu ainda não os conhecia?! Este tema chama-se "Demodé" e reflete bem o seu registo musical.

terça-feira, 14 de julho de 2015

A Amália continua a encantar

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Vai sair no próximo dia 17 de Julho o disco, "Amália: As vozes do fado", produzido pelo cineasta luso-francês Ruben Alves, autor do filme "A Gaiola Dourada". O Projeto tem associado ainda um documentário sobre o Fado assinado também pelo Ruben Alves e com estreia marcada para o final de 2015.
O disco reúne os fadistas contemporâneos Ana Moura, António Zambujo, Carminho, Camané, Gisela João, Ricardo Ribeiro e as participações especiais de Bonga, Caetano Veloso, Mayra Andrade e Javier Limón.
Além disso, a capa do disco tem por base um trabalho idealizado pelo artista plástico Vhils e executado em parceria com a equipa de calceteiros de Lisboa, autores e zeladores de um dos principais patrimônios iconográficos de Lisboa.


segunda-feira, 13 de julho de 2015

Live Aid foi há 30 anos

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Numa altura em que os conteúdos disponíveis eram bem menores este transmissão contínua que durou cerca de 14 horas foi um acontecimento para todos nós. Ver todas as bandas de referência a tocar ao vivo e em directo era um privilégio raríssimo naquela altura.
Os U2 aproveitaram muito bem o momento e a sua atuação foi determinante para que eles se tornassem o fenómeno mundial que ainda hoje continuam a ser.
Lembro-me tão bem.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Guelã é o terceiro da Gadú

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Terceiro disco e que distante está do seu primeiro disco que nos apresentou esta excelente artista que tanto me encantou. Este é um trabalho muito mais complexo e eletrónico. Na minha opinião é daqueles discos em que é muito difícil gostar-se na primeira audição. Como destaque de lançamento a maria Gadú escolheu a músca mais próxima das suas raízes e mais fácil de atraír os seus fãs originais, chama-se "Obloco". "Quando eu lançar meu bloco
O bloco dos sem medo
Um bloco happy
Um bloco crente
Um bloco black
Um bloco free

Quando eu dançar pro povo
Vou de bloco de cimento
Eu vou correndo
Eu vou dizendo
Esse bloco é lindo
Demais
Assim

Eu já vejo juntando gente
De todo tipo
Com belas vestes
Bailando leves
Na madrugada
A manhã
Virá Ver
Obloco
Fora do carnaval
No chão do inverno

E A Lua Vai
Ter um recital
Do povo contente aos berros na rua
Pra fazer do povo saudade
Esse bloco canta
Vidas inteiras
E a multidão
Que se afoga
Ao dia

Essa noite É
Porta estandarte
Quando ao auge
O corpo
Exala
Paixões florais
Pela própria dança
Ninguém se fala
Ninguém se cansa
A Alma É O Pulso Do Bloco"
Obloco - Maria Gadú

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Inspiração esmagadora

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A DR1 Images é uma empresa de filmagens aéreas com drones e presenteou-nos com esta sequência de imagens do Rio que, como todos os outros vídeos que vi, são o melhor argumento para mostrar a qualidade do seu trabalho. Cidade maravilhosa.

Rio de Janeiro presented by DR1 Images from DR1 Images on Vimeo.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Data triste e saudosamente redonda

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Ontem cumpriram-se 25 anos da morte do compositor e cantor Cazuza. São 25 anos sem os seus poemas deliciosamente provocadores, as suas juras de amor incondicional e exagerado, o seu jeito deliciosamente insolente e descomedido, da sua overdose de vida permanente.
Nunca se irá saber o que aconteceria se ele não tivesse sido amaldiçoado por aquela horrível doença que o matou tão rapidamente. Não se sabe se ele teria produzido todos aqueles êxitos em tão pouco tempo, 5 álbuns em 5 anos, sem saber que iria morrer ou se optaria pela vida louca do excesso que tanto o atraía. Ninguém pode dizer que ele continuaria a representar a eterna juventude mesmo com 57 anos mas seria sempre melhor do que o desaparecimento do seu génio aos 32 anos.
Uns dias celebra-se a vida e noutros maldiz-se a morte.
"Vida louca vida, vida breve
Já que eu não posso te levar
Quero que você me leve
Vida louca vida, vida imensa

Ninguém vai nos perdoar
Nosso crime não compensa

Quando ninguém olha quando você passa
Você logo acha eu tô carente, eu sou manchete popular
Tô cansado de tanta babaquice, tanta caretice
Dessa eterna falta do que falar.

Se ninguém olha quando você passa
Você logo acha que a vida voltou ao normal
Aquela vida sem sentido, volta sem perigo
É a mesma vida sempre igual

Se alguém olha quando você passa
Você logo diz: "Palhaço!"
Você acha que não está legal

Perde todos os sentidos...
Corre sempre um perigo
Você passa mal

Vida louca vida, vida breve
Já que eu não posso te levar
Quero que você me leve

Vida louca vida, vida imensa
Ninguém vai nos perdoar
Nosso crime não compensa
Não,não compensa

Se ninguém olha quando você passa
Você logo acha eu tô carente, eu sou manchete popular
Tô cansado de tanta babaquice, tanta caretice

Dessa eterna falta do que falar
Vida louca vida, vida breve
Já que eu não posso te levar
Quero que você me leve"
Vida louca Vida - Cazuza

terça-feira, 7 de julho de 2015

1 ano da nossa Madalena

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Foi por volta desta hora que ela abriu os pulmões pela primeira vez para anunciar a sua chegada e para inspirar o primeiro oxigénio e demonstrar simplesmente a sua existência. Passado um ano já gatinha, já se põe em pé, já reclama e já come croquetes. Feliz primeiro aniversário querida sobrinha.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

"Nú com a minha música"

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Título de uma parceria linda da Marisa Monte, Rodrigo Amarante, e o cantor e compositor norte-americano Devendra Banhart que, curiosamente cresceu na Venezuela. É um tema de Caetano Veloso e está também iincluído na coletânea Red Hot + Rio 2. Faltava aqui no blog e como a Marisa Monte teve o seu aniversário esta semana, no dia 1 de Julho, calha bem. Felizes 48 anos.
A Marisa e o Rodrigo têm outra parceria, "O que se quer", um tema que faz parte do último álbum de originais da Marisa Monte, "O que você quer saber de verdade", e, quer  uma música, quer a outra, denotam uma parceria feliz que já deveria ter acontecido há mais tempo e com muitos mais frutos. Nós agradecíamos muito, sou fã incondicional da Marisa e quase incondicional do Rodrigo, quer dizer, tudo à excepção do seu último disco, "Cavalo" que, confesso, não amo e não é totalmente a minha praia mas já o consigo tolerar melhor.
"Penso em ficar quieto um pouquinho
Lá no meio do som
Peço salamaleikum, carinho, bênção, axé, shalom
Passo devagarinho o caminho
Que vai de tom a tom
Posso ficar pensando no que é bom

Vejo uma trilha clara pro meu Brasil, apesar da dor
Vertigem visionária que não carece de seguidor
Nu com a minha música, afora isso somente amor
Vislumbro certas coisas de onde estou

Nu com meu violão, madrugada
Nesse quarto de hotel
Logo mais sai o ônibus pela estrada, embaixo do céu
O estado de São Paulo é bonito
Penso em você e eu
Cheio dessa esperança que Deus deu

Quando eu cantar pra turba de Araçatuba, verei você
Já em Barretos eu só via os operários do ABC
Quando chegar em Americana, não sei o que vai ser
Ás vezes é solitário viver

Deixo fluir tranqüilo
Naquilo tudo que não tem fim
Eu que existindo tudo comigo, depende só de mim
Vaca, manacá, nuvem, saudade
Cana, café, capim
Coragem grande é poder dizer sim"
Nú com a minha música - Marisa Monte, Rodrigo Amarante, Devendra Banhart

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Boa reza de Vanessa e Seu Jorge

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"Boa Reza" é um dos temas incluído na sequela do projeto Red Hot + Rio que foi lançado em 2011 e que pretendeu homenagear a Tropicália na sua vertente musical que foi parte do movimento social mais global que ocorreu no Brasil nos anos 60 (1968) e que teve como dois dos principais criadores e impulsionadores Caetano Veloso e Gilberto Gil. O álbum coletânea volta a ativar a fórmula do primeiro, com participações e duetos de músicos brasileiros e internacionais, interpretando novas versões de clássicos da Bossa Nova, MPB e Tropicália. Este tema vale ainda pelo vídeo, filmado integralmente no nosso muito amado Rio de Janeiro.

"Fé que você pode, você tem, você consegue!
De onde é seu congá?
Quem é seu orixá?
O que importa é ser feliz!
Um dia novo sempre vem, e isso vai passar...
O que existe é o Sol, o resto é invenção...
Fé que você pode, você tem, você consegue!

Não deixe de sorrir,
não deixe de dançar,
essa é uma boa reza..
Dê esperança a quem precisa e o tempo vai cuidar de você e de todos nós...
Essa é uma BOA REZA!
Fé que você pode, você tem, você consegue!

Oxum, Oxossi, Axé...
Oxumaré, Ogum, iansã, Omolu...
Vem dançar...
Vem no meu baile, eu sei como levar você para um lugar melhor do que está..."
Boa reza - Vanessa da Mata + Seu Jorge & Almaz

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Lenine também tem coisas novas

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Novo disco de originais do pernanbucano Lenine, chama-se "Carbono" e, apesar de não o ter ouvido todo ainda, do que ouvi destaco esta "Simples assim", uma balada na linha de outras grandes músicas como "Paciência" ou "O silêncio das estrelas". É um disco em linha com o registo único de Lenine e das conexões que ele tem vindo a construir com os variados estilos da MPB.

terça-feira, 30 de junho de 2015

Dançar com Tulipa Ruiz

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"Dancê" é o novo disco da paulistana Tulipa Ruiz. É o seu terceiro trabalho de originais onde mantém a sua parceria com o seu irmã e guitarrista Gustavo Ruiz. O tema "Proporcional" é um tema alegre e contagiante que demonstra fielmente o espiríto dançante que advém do título deste novo trabalho.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Novas da Gal

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A Gal Costa, uma das mais importantes vozes femininas do Brasil, está de volta com novo disco de nome "Estratosférica". Prestes a completar 70 anos e celebrando cinco décadas de carreira, Gal se aliou a Kassin e Moreno Veloso, dois dos nomes mais inventivos da música brasileira atual, que assinam a produção e também participam como músicos em alguns dos temas. É um álbum contemporâneo onde canta músicas de nomes já consagrados da nova geração da MPB como Marcelo Camelo, Mallu Magalhães, Céu, Criolo, Domenico Lancellotti e Moreno Veloso a que se juntam Caetano Veloso e Marisa Monte e Arnaldo Antunes. É um disco de originais e este "Quando você olha pra ela" é da Mallu.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

A volta de uma linda voz

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Mariana de Moraes é neta do grande Vinícius de Moraes e foi abençoada pelo seu talento pois tem uma voz magnífica. Apesar disso, nunca foi uma artista da primeira linha da MPB e tem vindo a reparir a sua atividade entre a música e a representação. Em 2014 lançou um novo disco pela editora independente Biscoito Fino, fundada há cerca de 20 anos atrás e que tem vindo a ser uma figura importante na promoção da MPB desde a sua fundação. O disco chama-se, simplesmente, "Desejo" e este tema "Morro de amor", é uma composição da autoria de Caetano Veloso e Arnaldo Antunes.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Uma revisita nostálgica ao Red Hot & Rio

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O disco Red Hot & Rio foi lançado em 1996 e foi a segundo ou terceira iniciativa do projeto de beneficiência Red Hot AIDS destinado a promover a consciencialização para a doença. Foi um disco de homenagem à Bossa Nova e à música de Tom Jobim e juntou uma série de artistas mundiais e brasileiros que abordaram de forma contemporânea alguns clássicos deste estilo musical, muitas dos casos em duetos multi-linguísticos de de estilos musicais.
Há uns dias apeteceu-me ouvir outra vez e encantar-me com este registo único e tão simbólico e que ofereceu alguns belos temas. Destaco a interpretação de "É preciso perdoar" de Cesária Èvora e Caetano Veloso e "Waters of March", versão "americanizada" de "Águas de Março" com Marisa Monte e David Byrne.
Outra música maravilhosa deste disco é o dueto da música "Insensatez" do Tom Jobim e do Sting. Esta músca não foi gravada para este disco que já saiu após a morte do maestro brasileiro que nos deixou em 1994. A música foi gravada para o último disco de Tom Jobim, chamado "António Brasileiro" e que foi lançado 3 dias após a sua morte.





sexta-feira, 19 de junho de 2015

Os 69 anos da Bethânea de ontem e os 71 do Chico de hoje

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Apesar da já respeitosa idade espero que ainda nos presenteiem com muitos anos e com muito mais músicas inspiradoras. E, para estes dois aniversários, fica um dueto da canção "Sem fantasia".
"Vem, meu menino vadio
Vem, sem mentir pra você
Vem, mas vem sem fantasia
Que da noite pro dia
Você não vai crescer

Vem, por favor não evites
Meu amor, meus convites
Minha dor, meus apelos
Vou te envolver nos cabelos
Vem perde-te em meus braços
Pelo amor de Deus

Vem que eu te quero fraco
Vem que eu te quero tolo
Vem que eu te quero todo meu

Ah, eu quero te dizer
Que o instante de te ver
Custou tanto penar
Não vou me arrepender
Só vim te convencer
Que eu vim pra não morrer

De tanto te esperar
Eu quero te contar
Das chuvas que apanhei
Das noites que varei
No escuro a te buscar
Eu quero te mostrar
As marcas que ganhei
Nas lutas contra o rei
Nas discussões com Deus
E agora que cheguei
Eu quero a recompensa
Eu quero a prenda imensa
Dos carinhos teus"
Sem fantasia - Chico Buarque e Maria Bethânea

Música fresquinha para o fim de semana e para o Verão

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"Sunshine" - Tom Misch para aproveitar o calor que chegou, bom fim de semana.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Essa é pra tocar e ver muito

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O álbum "Sintoniza lá" do BNegão & Seletores de Frequência é já de 2012 e foi, na altura, um dos discos em destaque do ano. Para, segundo eles, fecharem o ciclo desse projeto, lançaram um videoclip da música "Essa é pra tocar no baile" belíssimo e bastante inspirador para quem é apaixonado pelo Rio de Janeiro pois o videoclip traz BNegão pelas ruas e vielas do emblemático bairro de Santa Teresa, mostrando a cultura urbana contemporânea carioca.

terça-feira, 16 de junho de 2015

"Convoque seu buda"

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Este é o título do terceiro disco do músico de S. Paulo, Criolo. É mais um registo fiel das suas convicções sociais e este "Fermento pra massa" é talvez a música mais descontraída e descompromentida do projeto.

"Hoje eu vou comer pão murcho
Padeiro não foi trabalhar
A cidade tá toda travada
É greve de busão, tô de papo pro ar

Hoje eu vou comer pão murcho
Padeiro não foi trabalhar
A cidade tá toda travada
É greve de busão, tô de papo pro ar

Tem fiscal que é partideiro
Motorista, bicheiro e DJ cobrador
Tem quem desvie dinheiro e atrapalha o padeiro
Olha aí, seu doutor!

Eu que odeio tumulto
Não acho um insulto manifestação
Pra chegar um pão quentinho
Com todo respeito a cada cidadão

Hoje eu vou comer pão murcho
Padeiro não foi trabalhar
A cidade tá toda travada
É greve de busão, tô de papo pro ar

Hoje eu vou comer pão murcho
Padeiro não foi trabalhar
A cidade tá toda travada
É greve de busão, tô de papo pro ar

Tem fiscal que é partideiro
Motorista, bicheiro e DJ cobrador
Tem quem desvie dinheiro e atrapalha o padeiro
Olha aí, seu doutor!

Eu que odeio tumulto
Não acho um insulto manifestação
Pra chegar um pão quentinho
Com todo respeito a cada cidadão

Então, parei (parei)
E até pensei (pensei)
Tem quem goste
Assim do jeito que tá

Farinha e cachaça é fermento pra massa
Quem não tá no bolo disfarça a desgraça
Sonho é um doce difícil de conquistar
Seu padeiro quer uma casa pra morar

Hoje eu vou comer pão murcho
Padeiro não foi trabalhar
A cidade tá toda travada
É greve de busão, tô de papo pro ar

Hoje eu vou comer pão murcho
Padeiro não foi trabalhar
A cidade tá toda travada
É greve de busão, tô de papo pro ar"
Fermento pra massa - Criolo

segunda-feira, 15 de junho de 2015

O crooner do samba

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O Zeca Pagodinho é, para mim, no samba, a versão mais próxima da figura do crooner. E, também por isso, tudo o que faz já vem carregada com uma aura de talento e qualidade que ele p+róprio assegura e confere ao seu trabalho.
Isto tem uma razão que é apresentar o seu novo projeto de 2015, lançado muito recentemente chamado "Ser humano". Este tema "Mangas e panos" é o meu favorito, por agora.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Vivo reinventa "Exagerado"

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Para assinalar o dia dos namorados, que no Brasil se celebra hoje, dia 12 de Junho, a Vivo criou aum video de ativação de marca usando a música do Cazuza. Segundo a Vivo, O clipe homenageia não só o cantor, uma das figuras mais marcantes da música brasileira, como todos os "exagerados" quando o assunto é amar intensamente, criando mesmo um hashtag para promoção da ação, #SouMesmoExagerado:
"Há 30 anos, um cupido chamado Cazuza escreveu o sucesso Exagerado e cumpriu a sua missão: vivendo intensamente e espalhando amor por onde passou. Esse filme é a nossa homenagem ao Cazuza e a todos que, assim como ele, amam exageradamente cada minuto da sua vida."

terça-feira, 9 de junho de 2015

Feliz dia C.

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"Sono come tu mi vuoi
Ti amo
Come non ho amato mai (...)"

Que venham muitos mais para comemorarmos juntos.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

O frevo também encontrou o fado

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O pernambucano Alceu Valença convidou a fadista Carminho para um dueto que gravaram no último disco deste cantor que foi lançado no ano passado, chamado "Amigo da arte". O tema escolhido chama-se "Recife" e é uma clara homenagem ao Carnaval mais famoso do nordeste do Brasil. O Carnaval do Frevo e dos ritmos maracatus.
è mais uma conexão feliz onde estilos musicais tão diferentes se sintonizam e criam algo que é muito mais valioso que a somoa aritmética das partes.

"Ôô Saudade, saudade tão grande
Saudade que sinto do club das fardas
Os vassouras pacistas traçando
Tesouras nas ruas dos poetas de lá

Batidas de congos
São maracatus retardados
Que chegam a cidade cansados
Com seus estandartes no ar

Ôô Saudade, saudade tão grande
Saudade que sinto do club das fardas
Os vassouras pacistas traçando
Tesouras nas ruas repletas de lá

Batidas de bongos
São maracatus retardados
Que chegam a cidade cansados
Com seus estandartes no ar

Que adianta
Se o Recife está longe
A saudade é tão grande
Que eu até me embaraço

Parece que vejo Valfrido
Simulando um passo
Aroldo, Fatia e Colasso
Recife está dentro de mim

Batidas de congos
São maracatus retardados
Que chegam a cidade cansados
Com seus estandartes no ar..."
Recife - Alceu Valença e Carminho