domingo, 31 de dezembro de 2017

Para o 18 que aí vem, é só isto

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"Moça, olha só o que eu te escrevi
É preciso força pra sonhar e perceber
Que a estrada vai além do que se vê"
Além do que se vê - Los Hermanos

Valeu 2017

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Encerra-se mais um ano, um ano simpático, posso dizê-lo. É sempre positivo quando acordamos todos os dias sentindo-nos felizes e com ganas de viver, com força para enfrentar os desafios e sabendpo que temos quem amamos e quem nos ama à nossa volta. Foi também um ano difícil, com desafios muito complcados e, infelizmente, alguns deles não suplantados.
Mesmo assim e, apesar destes percalços que também compoem o todo, foi um ano especial, um ano de conquistas pessoais saborosas, um ano de novas vidas próximas e doces, o ano em que voltámos ao nosso Rio com amigos queridos e que estivemos juntos pela primeira vez na Sapucaí para desfilar na nossa querida Estação Primeira.
Foi o ano dos 48 e do início dos 49. Valeu 2017.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Portugal. The Man

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É um verdadeiro mistério porque é que uns miúdos americanos, ainda por cima, do extremo Noroeste do país, mais propriamente, surgida na cidade de Portland no estado de Oregon mas com origens no Alasca, tem no seu nome, Portugal, um país minúsculo sem qualquer relação aparente com as origens destes músicos.
Além disso, não se pode atribuir a este fenómeno a recente popularidade massiva que o nosso país tem tido nos media internacionais pois a banda existe desde 2004.
Provavelmente nunca iremos descobrir a razão exacta mas antevejo um bombardeamento de perguntas relacionadas com esta questão quando a banda nos visitar no próximo ano. O que eu sei e que já ninguém lhes tira é que o tema "Feel it still" do seu oitavo (!) álbum de originais, lançado este ano, foi, com certeza um dos temas do ano.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Concerto à antiga

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Há cerca de um mês fomos ver o concerto do Miguel Araújo no Coliseu, um dos primeiros desta sua nova tournée de lançamento do seu novo disco "Giesta". Reconheço no Miguel um talento desmesurável, quer com intérprete e músico, quer como autor mas não sou seu fã incondicional e acho este seu último disco demasiado étnico-autobiográfico, a puxar muito à sua história e à música que o influenciou nos primórdios da sua formação musical.
Não quer dizer que não seja bom pois está lá tudo o que o Miguel nos habitou, poemas simples e quase naifs mas cheios de emoção e estórias encantadoras, muita consistência em termos musicais e melódicos, excelentes arranjos, pelo menos uma grande música (para mim a única música que sobressai é o "1987") mas, mesmo assim, pessoalmente, não me encanta.
No entanto, fiquei totalmente rendido ao concerto, mais do que encantado, fiquei assoberbado. Espaço cénico lindíssimo, grandes músicos, uma dinâmica cénica elaborada, com troca de palco e incorporação de músicos a meio. Interpretação irrepreensível mas ao mesmo tempo sem nunca esquecer a capacidade intimista que, pelo menos, nos concertos a meias com o Zambujo, eu senti que era mais um dos seus talentos. Senti, mais uma vez, que podíamos estar na sua casa ou mesmo na casa dos seus avós em Sangemil à volta da lareira, caso exista. Aliás, a já famosa banda dos seus tios, os Kappas, não podia faltar à festa, bem como a outra banda de suporte da família, os Primus que também abrilhantaram a noite.
A noite não podia ficar completa com mais uns amigos, os Azeitonas, que encerraram o set, nesta que foi a primeira digressão do miguel depois de ter decidido abamndonar este seu outro projecto, do qual foi um dos seus progenitores.
Foi uma festa à antiga sem ter deixado de ser um grande momento de música em qualquer parte do planeta e mais uma estória especial que vai ficar para a história desta sala de espetáculos tão emblemática.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

20 anos dos Los Hermanos

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No dia 14 de dezembro de 1997, realizou-se o primeiro show de Los Hermanos e é essa a data que o grupo determina como data oficial da criação da banda. Segundo as crónicas da própria banda, foi num bar em Ipanema, no Rio de Janeiro, o Empório. O show recebeu pouco menos de cem amigos e parentes para ouvir treze temas originais. Privilégio para essa centena de fãs, principalmente para quem, como eu, é fã incondicional da banda e nunca os viu ao vivo. Infelizmente, a própria banda admite que não está previsto nenhum reencontro e, consequentemente, nenhuma agenda de concertos para o Brasil. Ou seja, para Portugal é uma hipótese ainda mais remota ou mesmo infinitesimal apesar do Marcelo Camelo ter escolhido Lisboa como casa.
Recordo-me sempre daquela tarde de Setembro de 2005 em que estava a beber uma cerveja de fim de tarde junto ao rio e vou-me apercebendo que estava uma banda a fazer soundcheck numa sala perto dessa esplanada. Era uma sala de concertos minúscula numa zona de bares chamada Jardim do Tabaco que já não existe há muitos anos - acho que se chamava Musicais.
O som que se ia ouvindo era muito bom mas confesso que não reconheci imediatamente quem era, até porque nessa altura, admito também, ainda não estava totalmente enamorado pelo som destes 5 moleques cariocas. Mal eu sabia que estava perante a última (acho) oportunidade de os ver em Portugal. Lá estive eu deliciar-me com o ensaio descontraído da molecada sempre à espera que aparecesse alguém que me mandasse embora dali o que acabou por não acontecer mas o que, infelizmente aconteceu foi que esse deleite acabou depressa. O show era nesse dia e ainda havia bilhetes, pelo que, a oportunidade estava aí à distância de algumas dezenas de euros, poucas, por sinal.
Nesse dia em casa, quando me estava a preparar para sair, apercebo-me que, também nessa noite, havia um show da Mariza junto à Torre de Belém, uma oferta da cantora à sua cidade, numa fase em que a Mariza havia recebido diversas distinções, inclusivamente internacionais, e decidiu agradecer a Lisboa. Mariza iria ser acompanhada pelo maestro Jaques Morelenbaum e pela prestigiada orquestra Sinfonietta de Lisboa.
Lembro-me de ter saído de casa completamente dividido e, mesmo a conduzir, não saber ainda onde iria. Estava e ia sozinho e sabia que a determinado ponto da minha viagem tinha de tomar uma decisão clara e definitiva, ou virava à esquerda e ia ver Los Hermanos, ou virava à direita e ia ver a Mariza. Fui adiando ao máximo essa decisão até que virei à direita. Vi um dos grandes e mais emocionantes concertos que vi em toda a minha vida até hoje. É um concerto que está registado em vídeo e que aconselho a todos. Foi uma noite muito especial para todos os que lá estiveram nessa noite.
Nunca me arrependi da decisão que tomei mas também nunca perdi essa amargura de não poder ser omnipresente, pelo menos nessa noite. Sentimento que foi aumentando na minha vida à medida que me fui apaixonando pela música desta banda.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

"Eu sou Mangueira meu senhor, não me leve a mal"

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"Pecado é não brincar de Carnaval!"

Em Junho deste ano, estalou a polémica no univreso do samba do Rio de Janeiro. O prefeito Marcelo Crivella anunciou um corte de 50% da subvenção direcionada às escolas de samba. A decisão gerou diversos protestos, obviamente, e a primeira foi executada pela Liesa, que chegou a suspender os desfiles da Sapucaí do Grupo Especial.
A Estação Primeira olhou para essa fragilidade e transformou-a em samba enredo, dando como tema de inpsiração para a criação das candidaturas a samba enredo “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco”. Foi a forma mais intelegente e adequada de manter o protesto até à sua génese pois ningém vai esquecer que no próprio desfile o protesto irá estar latente.
O samba enredo escolhido demontra sutilmente essa posição vincada e viva refletido no seu refrão principal "Eu sou Mangueira meu senhor, não me leve a mal, pecado é não brincar o carnaval!" sendo óbvio que todo o mundo vai saber quem é esse tal de senhor a que o samba se refere. Mas as referências a este cotr não se ficam por aqui, "Com garfo e prato eu faço meu tamborim"; "Sou mestre-sala na arte de improvisar" e "Se faltar fantasia alegria há de sobrar, bate na lata pro povo sambar" são expressões claras de demonstração de superação apesar das vicissitudes criadas por esta estranha decisão que compromete, inclusivamente, o governo central já tão fragilizado na opinião pública.
Com a habitual empolgação, com uma bateria contagiante e a voz poderosa do habitual Tinga, este ano superiormente acompanhado pelo sambista Péricles, a minha Estação Primeira promete causar na Sapucaí. Até porque come se diz lá em terras de vera Cruz, "se não for pra causar, eu nem vou!". Canta Mangueira!

 "Chegou a hora de mudar
Erguer a bandeira do samba
Vem a luz à consciência
Que ilumina a resistência dessa gente bamba
Pergunte aos seus ancestrais
Dos antigos carnavais, nossa raça costumeira

Outrora marginalizado já usei cetim barato
Pra desfilar na Mangueira

A minha escola de vida é um botequim
Com garfo e prato eu faço meu tamborim
Firmo na palma da mão, cantando laiálaiá
Sou mestre-sala na arte de improvisar

Ôôô somos a voz do povo
Embarque nesse cordão
Pra ser feliz de novo
Vem como pode no meio da multidão

Não, não liga não!
Que a minha festa é sem pudor e sem pena
Volta a emoção
Pouco me importam o brilho e a renda
Vem pode chegar
Que a rua é nossa mas é por direito
Vem vadiar por opção, derrubar esse portão, resgatar nosso respeito
O morro desnudo e sem vaidade
Sambando na cara da sociedade
Levanta o tapete e sacode a poeira
Pois ninguém vai calar a estação primeira

Se faltar fantasia alegria há de sobrar
Bate na lata pro povo sambar

Eu sou Mangueira meu senhor, não me leve a mal
Pecado é não brincar o carnaval!"
Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco - Lequinho, Júnior Fionda, Alemão do Cavaco, Gabriel Machado, Wagner Santos, Gabriel Martins e Igor Leal Intérprete, Tinga Participação Especial, Péricles

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Luca Argel ou o samba com sotaque do norte

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O Luca Argel é mais um dos integrantes da maravilhosa Orquestra Bamba Social. Uma orquestra de samba com músicos portugueses e brasileiros que tem por base a cidade do Porto, cidade que acolheu os que vieram de Vera Cruz e viu nascer os integrantes lusos. O Luca é um dos brasileiros, nascido e criado no Rio de Janeiro e além de intérprete bamba é também poeta com obra editada no Brasil. Mudou-se para Portugal há alguns anos e este ano lançou o seu disco de originais, "Bandeira". Em boa hora se mudou para Portugal e em boa hora teve a coragem de lançar este seu trabalho. A Orquestra Bamba Social vive agora um estado de graça e de projeção especial devido à participação de um outros dos cantores, o Tiago Nacarato, na edição nacional do The Voice mas o Luca merece todo o destaque pois este seu primeiro disco é de grande qualidade com vários temas bastante fortes ao nível do bom que se faz no samba canção carioca, explorando o encanto de letras simples e cotidianas e melodias que lembram as rodas de samba dos bares da Lapa. "Acanhalhado" é o seu clipe de lançamento.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Baladas é com o Nando Reis

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Os Titãs é um exemplo insólito de talento e uma incubadora de talentos musicais. Arnaldo Antunes e Nando Reis deixaram a sua marca e sairam para uma carreira a solo plena de sucesso. Em 2016 mais uma das suas vozes, o Paulo Micklos, saiu com a intenção de se dedicar a projectos pessoais. Passado um ano lançou já um álbum de canções, "A gente mora no agora" que inclui esta linda balada original de Nando Reis, "Vou te encontrar".

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Tulipa fresca

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Acabou de chegar o novo disco da Tulipa Ruiz e este "Game" é a música de apresentação deste seu quarto trabalho que dá pelo nome de "Tu". A Tulipa tem crescido de forma consistente de disco para disco consolidando o seu espaço próprio no panorama musical brasileiro. Dona de uma voz única e inconfundível acompanhada de um estilo meio vanguarda e hipster que lhe dá uma graça especial. A simplicidade e subtileza das suas letras completam o encanto especial desta paulista de nascimento e mineira de criação.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Doces encantamentos tropicais

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A Tiê e a Mariana Aydar são duas das vozes mais doces e tranquilas de uma geração mais recente de intérpretes femininas da MPB, tão rica e eclética no que a cantoras diz respeito. Nasceram as duas no mesmo ano, 1980, e com dois meses apenas de diferença e têm percursos paralelos e algo comparáveis, apesar das naturais diferenças. Gosto muito das sonoridades, dos estilos, dos timbres e, especialmente, da paz boa que me provocam. Os vídeos que partilho são músicas lindíssimas dos seus últimos trabalhos, o da Mariana de 2015, "Pedaço de uma asa" e o da Tiê de Julho deste ano, "Gaya". As músicas da Mariana são as duas mais bonitas do álbum e chamam-se "Samba triste" e "Saiba ficar quieto", o tema da Tiê foi o primeiro tema em destaque do seu disco e chama-se "Mexeu comigo" e mexe mesmo.