Quando dois talentos se encontram e se divertem, geralmente, dá nisto, numa explosão de boa energia e numa música que envolve e nos estimula todas as boas sensações que gostamos de ter e partilhar. Neste caso especial, o facto torna-se ainda mais extraordinário pelo encontro imprevisto, inesperado e até dissonante entre o clássico e o tradicional do fado e o contemporâneo.
É verdade que os novos intérpretes do fado o retiraram das suas barreiras e até prisões dogmáticas e o trouxeram para o cotidiano. Honra seja feita à Mariza, ao António Zambujo e à Carminho, neste caso. Graças à sua descontração e desembaraço é cada vez mais comum ver o fado fora da sua zona de conforto e aventurar-se para novos estilos e ritmos. Este dueto da Carminho com os HMB é excelente exemplo disso, como já tinha sido também o dueto da Carminho com a Marisa Monte ou os duetos da Roberta Sá com o António Zambujo, para referir apenas alguns.A música também se faz desta partilha quase descomprometida e desinteressada. Com uma forte componente de risco mas com um alto grau de vontade e desejo de se fazer, tal qual o amor de que falam na música. Deve ser assim, pelo menos para eles e também para mim, para nós.
"Eu não sei se algum dia eu vou mudar
Mas eu sei que por ti posso tentar
Até me entreguei e foi de uma vez
Num gesto um pouco louco
Sem pensar em razões nem porquês"
O amor é assim - HMB e Carminho
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