domingo, 31 de dezembro de 2017

Para o 18 que aí vem, é só isto

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"Moça, olha só o que eu te escrevi
É preciso força pra sonhar e perceber
Que a estrada vai além do que se vê"
Além do que se vê - Los Hermanos

Valeu 2017

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Encerra-se mais um ano, um ano simpático, posso dizê-lo. É sempre positivo quando acordamos todos os dias sentindo-nos felizes e com ganas de viver, com força para enfrentar os desafios e sabendpo que temos quem amamos e quem nos ama à nossa volta. Foi também um ano difícil, com desafios muito complcados e, infelizmente, alguns deles não suplantados.
Mesmo assim e, apesar destes percalços que também compoem o todo, foi um ano especial, um ano de conquistas pessoais saborosas, um ano de novas vidas próximas e doces, o ano em que voltámos ao nosso Rio com amigos queridos e que estivemos juntos pela primeira vez na Sapucaí para desfilar na nossa querida Estação Primeira.
Foi o ano dos 48 e do início dos 49. Valeu 2017.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Portugal. The Man

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É um verdadeiro mistério porque é que uns miúdos americanos, ainda por cima, do extremo Noroeste do país, mais propriamente, surgida na cidade de Portland no estado de Oregon mas com origens no Alasca, tem no seu nome, Portugal, um país minúsculo sem qualquer relação aparente com as origens destes músicos.
Além disso, não se pode atribuir a este fenómeno a recente popularidade massiva que o nosso país tem tido nos media internacionais pois a banda existe desde 2004.
Provavelmente nunca iremos descobrir a razão exacta mas antevejo um bombardeamento de perguntas relacionadas com esta questão quando a banda nos visitar no próximo ano. O que eu sei e que já ninguém lhes tira é que o tema "Feel it still" do seu oitavo (!) álbum de originais, lançado este ano, foi, com certeza um dos temas do ano.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Concerto à antiga

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Há cerca de um mês fomos ver o concerto do Miguel Araújo no Coliseu, um dos primeiros desta sua nova tournée de lançamento do seu novo disco "Giesta". Reconheço no Miguel um talento desmesurável, quer com intérprete e músico, quer como autor mas não sou seu fã incondicional e acho este seu último disco demasiado étnico-autobiográfico, a puxar muito à sua história e à música que o influenciou nos primórdios da sua formação musical.
Não quer dizer que não seja bom pois está lá tudo o que o Miguel nos habitou, poemas simples e quase naifs mas cheios de emoção e estórias encantadoras, muita consistência em termos musicais e melódicos, excelentes arranjos, pelo menos uma grande música (para mim a única música que sobressai é o "1987") mas, mesmo assim, pessoalmente, não me encanta.
No entanto, fiquei totalmente rendido ao concerto, mais do que encantado, fiquei assoberbado. Espaço cénico lindíssimo, grandes músicos, uma dinâmica cénica elaborada, com troca de palco e incorporação de músicos a meio. Interpretação irrepreensível mas ao mesmo tempo sem nunca esquecer a capacidade intimista que, pelo menos, nos concertos a meias com o Zambujo, eu senti que era mais um dos seus talentos. Senti, mais uma vez, que podíamos estar na sua casa ou mesmo na casa dos seus avós em Sangemil à volta da lareira, caso exista. Aliás, a já famosa banda dos seus tios, os Kappas, não podia faltar à festa, bem como a outra banda de suporte da família, os Primus que também abrilhantaram a noite.
A noite não podia ficar completa com mais uns amigos, os Azeitonas, que encerraram o set, nesta que foi a primeira digressão do miguel depois de ter decidido abamndonar este seu outro projecto, do qual foi um dos seus progenitores.
Foi uma festa à antiga sem ter deixado de ser um grande momento de música em qualquer parte do planeta e mais uma estória especial que vai ficar para a história desta sala de espetáculos tão emblemática.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

20 anos dos Los Hermanos

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No dia 14 de dezembro de 1997, realizou-se o primeiro show de Los Hermanos e é essa a data que o grupo determina como data oficial da criação da banda. Segundo as crónicas da própria banda, foi num bar em Ipanema, no Rio de Janeiro, o Empório. O show recebeu pouco menos de cem amigos e parentes para ouvir treze temas originais. Privilégio para essa centena de fãs, principalmente para quem, como eu, é fã incondicional da banda e nunca os viu ao vivo. Infelizmente, a própria banda admite que não está previsto nenhum reencontro e, consequentemente, nenhuma agenda de concertos para o Brasil. Ou seja, para Portugal é uma hipótese ainda mais remota ou mesmo infinitesimal apesar do Marcelo Camelo ter escolhido Lisboa como casa.
Recordo-me sempre daquela tarde de Setembro de 2005 em que estava a beber uma cerveja de fim de tarde junto ao rio e vou-me apercebendo que estava uma banda a fazer soundcheck numa sala perto dessa esplanada. Era uma sala de concertos minúscula numa zona de bares chamada Jardim do Tabaco que já não existe há muitos anos - acho que se chamava Musicais.
O som que se ia ouvindo era muito bom mas confesso que não reconheci imediatamente quem era, até porque nessa altura, admito também, ainda não estava totalmente enamorado pelo som destes 5 moleques cariocas. Mal eu sabia que estava perante a última (acho) oportunidade de os ver em Portugal. Lá estive eu deliciar-me com o ensaio descontraído da molecada sempre à espera que aparecesse alguém que me mandasse embora dali o que acabou por não acontecer mas o que, infelizmente aconteceu foi que esse deleite acabou depressa. O show era nesse dia e ainda havia bilhetes, pelo que, a oportunidade estava aí à distância de algumas dezenas de euros, poucas, por sinal.
Nesse dia em casa, quando me estava a preparar para sair, apercebo-me que, também nessa noite, havia um show da Mariza junto à Torre de Belém, uma oferta da cantora à sua cidade, numa fase em que a Mariza havia recebido diversas distinções, inclusivamente internacionais, e decidiu agradecer a Lisboa. Mariza iria ser acompanhada pelo maestro Jaques Morelenbaum e pela prestigiada orquestra Sinfonietta de Lisboa.
Lembro-me de ter saído de casa completamente dividido e, mesmo a conduzir, não saber ainda onde iria. Estava e ia sozinho e sabia que a determinado ponto da minha viagem tinha de tomar uma decisão clara e definitiva, ou virava à esquerda e ia ver Los Hermanos, ou virava à direita e ia ver a Mariza. Fui adiando ao máximo essa decisão até que virei à direita. Vi um dos grandes e mais emocionantes concertos que vi em toda a minha vida até hoje. É um concerto que está registado em vídeo e que aconselho a todos. Foi uma noite muito especial para todos os que lá estiveram nessa noite.
Nunca me arrependi da decisão que tomei mas também nunca perdi essa amargura de não poder ser omnipresente, pelo menos nessa noite. Sentimento que foi aumentando na minha vida à medida que me fui apaixonando pela música desta banda.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

"Eu sou Mangueira meu senhor, não me leve a mal"

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"Pecado é não brincar de Carnaval!"

Em Junho deste ano, estalou a polémica no univreso do samba do Rio de Janeiro. O prefeito Marcelo Crivella anunciou um corte de 50% da subvenção direcionada às escolas de samba. A decisão gerou diversos protestos, obviamente, e a primeira foi executada pela Liesa, que chegou a suspender os desfiles da Sapucaí do Grupo Especial.
A Estação Primeira olhou para essa fragilidade e transformou-a em samba enredo, dando como tema de inpsiração para a criação das candidaturas a samba enredo “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco”. Foi a forma mais intelegente e adequada de manter o protesto até à sua génese pois ningém vai esquecer que no próprio desfile o protesto irá estar latente.
O samba enredo escolhido demontra sutilmente essa posição vincada e viva refletido no seu refrão principal "Eu sou Mangueira meu senhor, não me leve a mal, pecado é não brincar o carnaval!" sendo óbvio que todo o mundo vai saber quem é esse tal de senhor a que o samba se refere. Mas as referências a este cotr não se ficam por aqui, "Com garfo e prato eu faço meu tamborim"; "Sou mestre-sala na arte de improvisar" e "Se faltar fantasia alegria há de sobrar, bate na lata pro povo sambar" são expressões claras de demonstração de superação apesar das vicissitudes criadas por esta estranha decisão que compromete, inclusivamente, o governo central já tão fragilizado na opinião pública.
Com a habitual empolgação, com uma bateria contagiante e a voz poderosa do habitual Tinga, este ano superiormente acompanhado pelo sambista Péricles, a minha Estação Primeira promete causar na Sapucaí. Até porque come se diz lá em terras de vera Cruz, "se não for pra causar, eu nem vou!". Canta Mangueira!

 "Chegou a hora de mudar
Erguer a bandeira do samba
Vem a luz à consciência
Que ilumina a resistência dessa gente bamba
Pergunte aos seus ancestrais
Dos antigos carnavais, nossa raça costumeira

Outrora marginalizado já usei cetim barato
Pra desfilar na Mangueira

A minha escola de vida é um botequim
Com garfo e prato eu faço meu tamborim
Firmo na palma da mão, cantando laiálaiá
Sou mestre-sala na arte de improvisar

Ôôô somos a voz do povo
Embarque nesse cordão
Pra ser feliz de novo
Vem como pode no meio da multidão

Não, não liga não!
Que a minha festa é sem pudor e sem pena
Volta a emoção
Pouco me importam o brilho e a renda
Vem pode chegar
Que a rua é nossa mas é por direito
Vem vadiar por opção, derrubar esse portão, resgatar nosso respeito
O morro desnudo e sem vaidade
Sambando na cara da sociedade
Levanta o tapete e sacode a poeira
Pois ninguém vai calar a estação primeira

Se faltar fantasia alegria há de sobrar
Bate na lata pro povo sambar

Eu sou Mangueira meu senhor, não me leve a mal
Pecado é não brincar o carnaval!"
Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco - Lequinho, Júnior Fionda, Alemão do Cavaco, Gabriel Machado, Wagner Santos, Gabriel Martins e Igor Leal Intérprete, Tinga Participação Especial, Péricles

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Luca Argel ou o samba com sotaque do norte

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O Luca Argel é mais um dos integrantes da maravilhosa Orquestra Bamba Social. Uma orquestra de samba com músicos portugueses e brasileiros que tem por base a cidade do Porto, cidade que acolheu os que vieram de Vera Cruz e viu nascer os integrantes lusos. O Luca é um dos brasileiros, nascido e criado no Rio de Janeiro e além de intérprete bamba é também poeta com obra editada no Brasil. Mudou-se para Portugal há alguns anos e este ano lançou o seu disco de originais, "Bandeira". Em boa hora se mudou para Portugal e em boa hora teve a coragem de lançar este seu trabalho. A Orquestra Bamba Social vive agora um estado de graça e de projeção especial devido à participação de um outros dos cantores, o Tiago Nacarato, na edição nacional do The Voice mas o Luca merece todo o destaque pois este seu primeiro disco é de grande qualidade com vários temas bastante fortes ao nível do bom que se faz no samba canção carioca, explorando o encanto de letras simples e cotidianas e melodias que lembram as rodas de samba dos bares da Lapa. "Acanhalhado" é o seu clipe de lançamento.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Baladas é com o Nando Reis

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Os Titãs é um exemplo insólito de talento e uma incubadora de talentos musicais. Arnaldo Antunes e Nando Reis deixaram a sua marca e sairam para uma carreira a solo plena de sucesso. Em 2016 mais uma das suas vozes, o Paulo Micklos, saiu com a intenção de se dedicar a projectos pessoais. Passado um ano lançou já um álbum de canções, "A gente mora no agora" que inclui esta linda balada original de Nando Reis, "Vou te encontrar".

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Tulipa fresca

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Acabou de chegar o novo disco da Tulipa Ruiz e este "Game" é a música de apresentação deste seu quarto trabalho que dá pelo nome de "Tu". A Tulipa tem crescido de forma consistente de disco para disco consolidando o seu espaço próprio no panorama musical brasileiro. Dona de uma voz única e inconfundível acompanhada de um estilo meio vanguarda e hipster que lhe dá uma graça especial. A simplicidade e subtileza das suas letras completam o encanto especial desta paulista de nascimento e mineira de criação.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Doces encantamentos tropicais

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A Tiê e a Mariana Aydar são duas das vozes mais doces e tranquilas de uma geração mais recente de intérpretes femininas da MPB, tão rica e eclética no que a cantoras diz respeito. Nasceram as duas no mesmo ano, 1980, e com dois meses apenas de diferença e têm percursos paralelos e algo comparáveis, apesar das naturais diferenças. Gosto muito das sonoridades, dos estilos, dos timbres e, especialmente, da paz boa que me provocam. Os vídeos que partilho são músicas lindíssimas dos seus últimos trabalhos, o da Mariana de 2015, "Pedaço de uma asa" e o da Tiê de Julho deste ano, "Gaya". As músicas da Mariana são as duas mais bonitas do álbum e chamam-se "Samba triste" e "Saiba ficar quieto", o tema da Tiê foi o primeiro tema em destaque do seu disco e chama-se "Mexeu comigo" e mexe mesmo.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

As canções de Roberto encontram o fado

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Mais um intérprete português decide homenagear um símbolo da música do brasil aproveitando esta aproximação cultural íntima e, por isso, tão insólita e única na história dos países. mais uma vez, o fado procura a música do Brasil e um dos seus maiores icons, o rei Roberto. Com a participação de Ana Carolina e Caetano Veloso, este último, voltando a interpretar o tema "Debaixo dos caracóis dos seus cabelos", tema composto pelo próprio Roberto Carlos e o seu parceiro Erasmo Carlos em 1971. Este tema foi composto de propoósito para homenagear Caetano quando ele estava exilado em Londres devido à ditadura militar e que Caetano incorporou naturalmente no seu repertório. É fantástica e impressionante este nível de proximidade, respeito e partilha que existe entre músicos no Brasil com estilos musicais que se encontram, muitas vezes, em polos muito distantes mas que isso só os motiva a aproximarem-se mais e a crescerem juntos com as parcerias que criam. Finalmente, esse espírito positivo, está a estabelecer-se em Portugal graças a esta abundante nova geração muito talentosa e descomplicada da música portuguesa. São 14 lindas homenagens com alguns dos grandes sucessos deste intérprete e compositor. O disco é lançado em Portugal hoje e o tema de promoção escolhido foi o grande clássico, "Como é grande o meu amor por você". E como diz Caetano, "Viva Roberto Carlos!"

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Chuva

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Depois de tanto tempo a esperá-la e a desejá-la entre tanta secura, a chuva apareceu em força. Não sabemos se ficará mas, depois de tudo o que se passou, ninguém tem coragem de a maldizer. Mesmo quando nos tempos de abundância e quando nos queixávamos dessa permanente existência nublada, escura e molhada, havia sempre o lado positivo da experiência, a recolha caseira e o usufruto intensivo do sofá, o livro que estava por acabar desde o Verão, os filmes ou séries em atraso que exigem longos períodos de visionamento intervalados por sonecas involuntárias mas inevitáveis e a musica melancólica que nos confere uma pitada adicional de conforto juntamente com o vinho e os enchidos, na versão mais pessoal. Como aqui, essencialmente se fala de música aqui ficam dois ótimos exemplos desse tipo de registo musical, dois cantautores da nova geração folk (espero que me permitam essa classificação) - Father John Misty e James Vincent McMorrow. Bem vinda chuva. espero que fiques uns tempos entre nós.

Outra vez a Bela e Talentosa Sara

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"Brincar de casamento" com Toty Sa'Med

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

O aniversário agridoce

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Arlindo Cruz faz hoje 59 anos mas, infelizmente, não irá poder comemorar pois continua hospitalizado desde março, quando sofreu um acidente vascular cerebral. Tem sido incrível a onda de solidariedade que insiste em desejar a rápida e plena recuperação do bamba mais bamba dos bambas. Alô Madureira!

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

A melhor notícia dos últimos 15 anos :) Os Tribalistas estão de volta!

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Há uns meses começou a adivinhar-se algo deste género. Nas redes sociais, os três companheiros deste projeto, Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, começaram a aparecer juntos apesar da sua intensa agenda individual. E de repente, do nada, fazem um live no Facebook e apresentam os 4 primeiros temas do disco. Este trabalho está em linha com o anterior e, pelo menos desse ponto de vista, não surpreende, no entanto, é um trabalho de grande bom gosto e qualidade que traz muitas emoções a todos os fãs deste maravilhoso projeto. A principal novidade, na minha opinião, tem a ver com Portugal pois inclui a participação da cantora portuguesa Carminho que está cada vez com maior reputação no outro lado do Atlântico. A sua amizade e cumplicidade com a Marisa já tem algum tempo e, depois de lançar um disco interpretando Jobim, nada mais relevante que ser a única outsider a participar neste projeto. Ouçam e façam como eu, ouçam mais vezes.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Até sempre Mestre das Neves

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No passado sábado recebi a triste e dolorosa notícia da morte do Mestre Wilson das Neves. Confesso que há muitos anos que tenho uma enorme admiração por este gigante artista. Baterista, cantor, ritmista e compositor, wilson é uma figura de destaque no samba e na na sua escola do coração, a Império Serrano. A sua morte é mais uma grande perda mna música brasileira e, em particular no samba que já perdeu, este ano, Amir Guineto, Luiz Melodia e sofre profudamente com o estado em que se encontra o grande Arlindo Cruz há vários meses. Conheci-o tarde, musicalmente, graças à sua participação na maravilhosa Orquestra Imperial onde o Mestre era, naturalmente, o avó deles todos e, ao mesmo tempo, aquele que denotava ser a maior criança devido ao seu jeito traquina e sempre brincalhão. Consegui conhecê-lo pessoalmente, estive a conversar brevemente com ele duas vezes e cheguei a assistir a um concerto dele aqui em Lisboa onde tirei a foto que está aqui. O Mestre embirrava solenemente com o barulho de conversa nos seu shows e não perdoava, chamava a atenção de quem o fazia e mandava calar com o seu jeito malandro e provocador próprio de quem é carioca da gema e que nunca será mané. Compôs com o seu companheiro de composição, Paulo César Pinheiro, lindos sambas que depois interpretou mas também trabalhou com outros monstros, nomeadamente, Aldir Blanc, Moacyr Luz e tocou, como baterista, na banda do Chico Buarque durante mais de 30 anos, desde 1982. É seu e de Paulo César Pinheiro o lindo samba "O samba é meu dom" que ele próprio popularizou e tinha um hábito nos seus shows que segui escrupolosamente, em cada música que cantava, antes, apresentava os respetivos autores demonstrando um respeito e uma admiração genuína por quem cria coisas bonitas. Sei de diversas estórias hilárias da sua pessoa, o que aumentava ainda mais a sua aura de atração, a última foi-me contada por um amigo próximo que quer muito de reeditar um dos primeiros trabalhos do Mestre como solista, o segundo acho, que se chama "Som quente é o das Neves" e falou pessoalmente com ele para lhe solicitar autorização. Resposta do Mestre, "Meu filho para que é que você vai fazer isso?! Esse disco é uma merda!" Vai deixar muitas saudades mas o seu som quente vai continuar a tocar pois som quente é o seu, Mestre! Mas, infelizzmente, desde sábado, vai ficar faltando você, Mestre Wilson.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Caetano 75

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O Caetano Veloso celebra hoje o seu aniversário e a bonita idade de 75 anos. E foi quase ahá vinte anos que eu o vi pela primeira vez ao vivo e que me apaixonei verdadeiramente pela sua música. Apesar de já gostar há muito do seu trabalho este concerto na Expo 98 em Lisboa foi um momento extremamente marcante na minha vida e lembro-me dessa noite como se fosse hoje, as filas horríveis para chegar, o caos e inferno que foi encontrar um lugar para estacionar, as filas para entrar no recinto, o mar de gente ali ao lado do Rio Tejo na antiga Praça Sony, uma noite de Verão quente e acolhedora e um concerto magnífico que, todos os que estávamos a assistir, desejávamos que nunca acabasse. Era a tournée após o lançamento do disco de originais "Livro", trabalho muito elogiado pela crítica especializada e que foi, posteriormente, indicado para o prêmio "Grammy Latino". Desse disco resultou a tournée "Prenda minha" que deu origem a um disco ao vivo maravilhoso com o mesmo nome. Apesar de acompanhar a sua carreira e gostar de alguns dos seus temas mais populares este concerto e posteriormente o disco foram determinantes para a importância que a música e o trabalho de Caetano passaram a ter na minha vida. A "prenda minha" foi e continua uma prenda constante na minha vida, não posso dizer que seja a minha prenda mas é uma delas e das mais importantes.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Luiz Melodia

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Hoje não é só o Estácio que está a chorar, é todo o samba. Luiz Melodia, Holly Luiz Melodia. Sempre achei a voz de Luiz Melodia uma das voces mais enternecedoras do samba e ele, como pessoa, parece-me que sempre fez jus ao nome artístico que escolheu. Melodia era, de facto, o retrato da sua personalidade e postura. É uma perda irreparável para a boa música. Dia triste. Salve Luiz! "A saudade me dói, no meu peito me rói..."

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Será que é tudo culpa do amor

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A Mallu Magalhães tem novo trabalho, o disco chama-se "Vem" e é claramente um disco que vai marcar profundamente a história da sua carreira e da música de língua portuguesa. É um álbum incrível, pleno de excelentes razões para se escutar até ao limite. É um trabalho cheio de maturidade desta ainda jovem música e compositora que demonstra muito bem, não só a qualidade inerente que se tem materializado nos seus diversos trabalhos mas também, um salto reluzente e inquestionável na materialização do seu talento. O crítico musical Mauro Ferreira que escreve no jornal "O Globo" e nas suas plataformas digitais refere que a Mallu "expõe toda a coragem dos 24 anos no melhor álbum da carreira, "Vem", clássico instantâneo da música pop brasileira de alcance universal." E eu não posso concordar mais com ele. Com produção do seu marido Marcelo Camelo, mais uma vez, se demonstra que a cumplicidade e a intimidade como casal transpira para o trabalho de ambos e quase apetece perguntar se toda esta brilhante criação será tudo culpa do amor. "culpa do amor" é um dos temas do álbum que merece a pena ser ouvido do princípio ao fim e muitas vezes.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Poderoso

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Maria Rita e Marcelo Falcão. "O espaço é curto quase um curral na mochila amassada uma quentinha abafada meu troco é pouco é quase nada" Rodo Cotidiano - O Rappa

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Mais uma carnavalesca

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Música do último trabalho da Fernanda Abreu, "Tambor", numa versão especial remixada pelo Dj W Imperador. "Segura a banda que a parada é federal"!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Tem alguém aí?!

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Porque o Carnaval está aí e o carlinhos Brown preparou uma versão e um vídeo especial para uma música do seu último disco com a roupagem adequada para o seu carnaval. O Carnaval contagiante e louco dos blocos e dos trios elétricos da Bahia. Tem alguém aí já contagiado?! Ô sol, ô sorte!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

No coração da super bateria - Eu sou Mangueira sim!

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Está quase!
Daqui a uma semana lá estaremos em plena Sapucaí, ajudadndo a querida Estação Primeira conquistar o bicampeonato.
Vamos voltar ao nosso querido Rio e vou voltar a ter a emoção de desfilar na escola mais querida do planeta e, desta vez, acompanhando a estreia da C. nestas andanças e acredito, convictamente, que acabará com a vontade plena de voltar o mais rápido possível a repetir a experiência e com o coração cheio devido ao momento único que irá experienciar.
A Mangueira é, de facto, uma escola especial e, estou certo que há entusiasmo e paixão em todas as outras escolas mas nesta é mesmo diferente e, felizmente, voltou aos seus grandes momentos.
Se há dúvidas é só ver o entusiasmo da sua bateria no esquenta do seu mais recente ensaio geral e a empolgação que se assite nas bancadas. E essa eu garanto, não há empolgação maior nas bancadas do que aquela que se sente e se vê quando a Mangueira entra na avenida.

"(...) Mangueira, eu já benzi minha bandeira
Bati três vezes na madeira
Para a vitória alcançar
No peito patuá, arruda e guiné
Para provar que o meu povo nunca perde a fé
A vela acesa pro caminho iluminar
Um desejo no altar, ou no gongá
Vou festejar com a divina proteção
Num céu de estrelas enfeitado de balão
É verde e rosa o tom da minha devoção
Já virou religião (...)"
Samba Enredo 2017 - Só Com A Ajuda do Santo
G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

HMB em 3 minutos

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A banda portuguesa HMB tem um novo disco, foi lançado no passado dia 10 de Fevereiro e é um grande disco. O melhor trabalho entre todas as músicas que já lançaram.
Muito consistente, com a maioria das músicas a poderem, facilmentem, serem as músicas de apresentação mas, ao mesmo tempo, com bastante diversidade do ponto de vista musical.
No dia de apresentação fizeram um resumo do álbum em 3 minutos e isso é mais uma forma de comprovar que, no caso deles, o talento está sempre aliado com a boa onda.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

A dispensa do garoto-propaganda

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Carlos Moreno é, com certeza, o garoto-propaganda mais famosos de todo o brasil e a sua fama chegou, inclusivamente, a Portugal, pelo menos entre as pessoas que trabalham em publicidade.
Ele é recordista do livro dos recordes Guiness Book por ter estado no ar, ininterruptamente, desde 1978 até 2004 como rosto do produto de limpeza Bombril e outros produtos da companhia.
Ficou afastado dois anos mas voltou em força em 2006 e fez cerca de 400 anúncios, entre anuncios fotográficos e de televisão chegando ao ponto de ter passado a ser empregado com contrato na companhia.
É indiscutível que Carlos Moreno é uma figura da cultura popular brasileira e, muito por causa dele, o produto Bombril também apesar de ser apenas e só um mero esfregão, aparentemenete, sem qualquer tipo de capacidade para gerar vínculos emocionais nos consumuidores.
No entanto, tudo tem um fim, e o seu vinculo contratual com a companhia acabou, e, por agora, não haverá mais anúncios com o garoto que já não tem idade para ser garoto mas que continuava a vender Bombril com o mesmo entusiasmo. Infelizmente para a companhia, os resultados comerciais também já não são tão auspiciosos e a dispensa deste ator foi resultado de uma reestruturação mais profunda na própria companhia.
Aparentemente, o esfregão já não encanta como antigamente. Novos tempos.



quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

"Agora nesse momento"

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Música do trabalho de estreia do Marcelo Yuka, um dos fundadores da banda de rap "O Rappa" e o responsável pelos principais sucessos do grupo. Esta música tem a participação da cantora paulista Cibelle.
Marcelo foi baleado em 2000, num assalto, tendo ficado paraplégico e impossibilitado de prosseguir a sua carreira de baterista.
O disco chama-se "Canções para depois do ódio", é todo da sua autoria e fala de protestos, e da depressão que viveu após ficar paraplégico, segundo ele, é um trabalho para dar conforto nestes tempos difíceis que o Brasil atravessa mas talvez também seja de terapia para si próprio.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

The Temple of I & I

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Este é o título do novo disco dos "velhinhos" Thievery Corporation. Velhinhos é um termo um pouco exagerado e simultaneamente, gentil e afetuoso mas se pensarmos que já passaram uns 17 ou 18 anos desde o seu grande  e emblemático trabalho "Mirror conspiracy"  e 20 anos desde o álbum de estreia, "Sounds from the Thievery Hi-Fi", já podemos dizer que há alguma veterania.
Além disso, o seu estilo eletrónico e de fusão de ritmos é um estilo muito datado que teve o seu auge no fianl do século passdo e início deste século e esta dupla americana passou a ser o símbolo da resistência e longevidade desse estilo tão popular na comunidade publicitária lisboeta e restantes comunidades urbanas e intelectuais da cidade.
É um grande disco, ao nível do melhor que já fizeram, muito dub, muito chill, grandes vozes e interpretações. Para quem gosta do estilo, é um álbum imprescindível.
Este "True sons of Zion" é a quinta faixa do disco que inclui 15 temas, é uma das minhas favoritas além de ser também um excelente exemplo da qualidade e do caráter do disco e ainda uma fotografia bastante fiel do trabalho desta dupla.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Apple aderiu aos blocos de Carnaval

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Primeiro anúncio realizado pela Apple no Brasil para promover o Iphone 7 Plus aproveitando a onda dos blocos de Carnaval que estão no seu auge neste momento do ano no Brasil.
A inspiração prolonga-se pela utilização da famosa música "Eu quero é botar o meu bloco na rua", principal êxito do cantor e compositor capixaba Sérgio Sampaio, nascido em Cachoeiro de Itapemirim no estado do Espírito Santo que  faleceu em 1994.
Sérgio foi contemporâneo de vários grandes nomes da música brasileira e foi parceiro de Raul Seixas a quem é atribuída a descoberta deste músico.
A versão do anúncio é do grupo baiano de música eletrónica BaianaSystem.
Fica aqui o anúncio e o vídeo da versão original.


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

O fim da MPB FM

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A MPB FM era, até ao final do mês passado, uma rádio do Rio de Janeiro que apenas tocava música brasileira. Era um projecto que, em Portugal diríamos que mais que corajoso, seria utópico e condenado ao fracasso desde o seu início, no entanto, temos a rádio Amália que, mal ou bem, vai sobrevivendo graças, talvez, à legião de fãs incodicionais, essencialmente, a classe de taxista.
Num país com a riqueza cultural e com a diversidade musical como o Brasil, eu diria que este projeto seria um tiro mais que certeiro, um sucesso garantido mas, infelizmente não.
Acabou de encerrar as suas emissões no início deste mês e, agora, apenas está disponível nas plataformas digitais.
Era a rádio que me fazia companhia sempre que eu visito o Rio e conheço, inclusivamente, algumas pessoas que trabalharam aí e que que me confirmaram o espírito de valorização da música popular brasileira que fazia parte do seu ADN
Lamentavelmente, é um sintoma  que denota vários problemas no país irmão, o problema económico mas também uma certa crise cultural que transformou o popular num outro conceito mais próximo do vulgar e do massificado.
Fica o registo da última música tocada, "Quem te viu, quem te vê" de Chico Buarque, numa versão interpretada pelo Zeca Pagodinho e que nem sequer acabou, foi cortada abruptamente para passar para a emissão da rádio que ficou com a frequência. Metáfora forte!

"(...) Brasil, mostra a tua cara
Quero ver quem paga pra gente ficar assim (...)"
Brasil - Cazuza



quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Orlandivo

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O cantor, compositor e percussionista Orlandivo, conhecido como rei do sambalanço, faleceu hoje aos 79 anos.
Autor de mais de 200 canções e vários sucessos dos quais se destaca "Onde anda o meu amor", foi grande influência para Jorge Ben Jor. Mais uma perda para a música.

Luana, filha do samba

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Luana Carvalho tem na sua genética um código riquíssimo do ponto de vista musical e cultural já que é filha da grande senhora e madrinha do samba, Beth Carvalho.
Talvez, por isso e pela responsabilidade decorrente desse facto, tenha demorado tanto tempo a iniciar o seu percurso na música de uma forma assumida e autónoma.
Aos 17 anos, ela participou na quarta temporada de “Malhação”, na Globo, em 1998 e participou ainda em três novelas, no mesmo canal, já durante entre 2005 e 2007, uma delas a novela "Páginas da vida" que  se retratava estórias da zona sul carioca, especialmente o Leblon, escrita por um dos seus ilustres habitantes e amantes, Manoel Carlos. Reconheço, uma das novelas que segui de forma dedicada.
Participou ainda no primeiro episódio da maravilhosa série Mandrake.
A sua entrada na música aconteceu ainda antes de se iniciar como atriz mas de forma mais discreta, fazendo backing vocals para a sua mãe durante três anos mas nunca, até agora, tinha assumido um papel individual na cena musical brasileira. O momento de maior visibilidade tinha sido quando uma música sua, interpretada pela sua mãe e por Zeca Pagodinho foi nomeada para a categoria Melhor Canção do Prêmio da Música Brasileira de 2012. A música chama-se "Arrasta sandália" e é um samba daqueles que arrasta.
Hoje com 35 anos, acabou de lançar não um mas sim dois discos com músicas da sua autoria e de outros parceiros musicais e produzidos pelo querido Moreno Veloso.
Os discos chamam-se  “Sul” e “Branco”, o primeiro é um disco intimista e o segundo conta com os habituais companheiros de Moreno, Pedro Sá e Domenico.
Este "Invente-me" faz parte do disco "Sul" e é lindo. Mais uma razão para agradecer à madrinha Beth por existir e por fazer tantas coisas boas.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Primeiro grande disco do ano

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A primeira música ainda surgiu no ano passado , no primeiro dia deste ano lançaram a segunda antecipando o lançamento do disco integral. "I see you" é o terceiro disco da banda londrina The XX.
Vão estar por cá, no dia 6 de Julho no festival NOS Alive.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Maíra e Das Neves

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Talento e mais talento!
Momento singelo e íntimo entre a Maíra Freitas e o mestre Wilson das Neves. Vídeo publicado ontem que mostra o carinho e o respeito que partilham duas gerações e dois estilos musicais bastante distante mas, ao mesmo tempo, cheios de intersecções musicais e pessoais que são o que permitem a riqueza deste momento. É um dom invejável que consegue tornar momentos simples em ocasiões inesquecíveis. Ôh sôrte!
São três as músicas apresentadas neste vídeo, "Pousa" da Maíra e "Estava faltando você" e o clássico "O samba é meu dom" os dois da autoria de Wilson das Neves, o primeiro em parceria com Délcio Carvalho e o segundo com Paulo César Pinheiro.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Simplesmente Belo

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Interpretação maravilhosa da ivete Sangalo e do Carlinhos Brown da música, "Quanto ao tempo" dos Paralamas do Sucesso.
Esta música faz parte de um álbum de 2009 chamado "Pode entrar" gravado num estúdio montado na própria casa da cantora, em Salvador, onde ela recebe amigos para duetos e parcerias musicais num clima intimista e muito pessoal.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Novo fôlego da Vanessa

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A Vanessa da Mata tem nova música e depois de alguma indefenição da sua carreira, esta nova música traz a Vanessa dos seus primeiros discos. Música alegre, com batida dançante que já pede Verão apesar do nosso Inverno cheio de frio e chuva.
Lembro-me do Verão do hemisfério sul de 2006 no Rio de janeiro onde se ouvia em todo o lugar a versão mais beat da música "Ai, ai, ai" e era tão contagiante que mesmo que estivessemos saindo, acabávamos por ficar.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Mr. Jay Kay está de volta

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O último disco dos Jamiroquai saiu em 2010, ou seja, 7 anos sem nenhum original desta banda tão especial e originalmente funk. Hoje saiu a primeira amostra do seu novo disco, o tema "Automaton" que dará nome ao ao seu oitavo trabalho que sairá para o mercado no próximo dia 31 de Março.
No dia 5 de Agosto deste ano estarão no Festival Sudoeste na Zambujeira do Mar.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Rio de janeiro, 25 de Janeiro de 1927

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Fez ontem 90 anos que num dos bairros mais tradicionais do Rio de Janeiro, o bairro da Tijuca, que nasceu o futuro pianista, cantor, arranjador, guitarrista, compositor e maestro António Carlos Jobim, o maior expoente da música brasileira e um dos fundadores do movimento Bossa Nova. A data redonda pede uma homenagem especial a uma figura que  influenciou de forma determinante o meu gosto musical e, mais que isso, a minha paixão pela música no geral e pela MPB em particular.
Obviamente, contribui também para o meu amor tão grande e tão especial à sua cidade natal, o belo Rio de janeiro.
O maestro Tom Jobim tinha uma qualidade muito particular, a sua paixão pelas suas raízes musicais mais tradicionais  e isso  dava uma amplitude e uma abrangência extraordinária ao seu ecletismo musical. Essa paixão garantiu que desde o início da sua carreira e até ao seu desaparecimento, o seu talento e o seu trabalho nunca se tenha separado dessas raízes, pelo contrário foi sempre usado para enriquecer essa cultura nacional, inclusivamente no estilo mais tradicional da vida carioca, o samba. Lembro-me de um disco que comprei há muitos anos no Rio com temas do Tom Jobim chamado "No Tom da Mangueira", e que incluia, entre outras, a linda "Piano na Mangueira". Era um disco que assinalava o desfile da Mangueira no Carnaval de 1992 em que o samba-enredo foi uma homenagem ao maestro e a todo o seu trabalho. Felizmente, Tom Jobim ainda teve oportunidade de ver essa bonita homenagem e assim é que deve ser, demonstrar o nosso respeito e admiração em vida e, no caso de um samba-enredo esse facto ainda assume uma importância maior pois não há homenagem mais gloriosa que ser tema de uma samba-enredo e nunca se deverá tirar o prazer de assistir a esse momento único na vida.
Salve maestro, como diz o samba, "Se todos fossem iguais a você, que maravilha seria viver"!



"Mangueira vai deixar saudade
Quando o carnaval chegar ao fim
Quero me perder na fantasia
Que invade os poemas de Jobim
Amanheceu, o Rio canta de alegria
Aconteceu a mais linda sinfonia
O sol já despontou na serra,
Molhando o seu corpo sedutor

O mar beija a garota de Ipanema,
a musa de um sonhador
O mar beija a garota de Ipanema,
a musa de um sonhador

É carnaval, é a doce ilusão,
É promessa de vida no meu coração
É carnaval, é a doce ilusão,
é promessa de vida no meu coração (Mas vem ... )

Vem, vem amar a liberdade,
Vem cantar e sorrir, ter um mundo melhor
Vem, meu coração está em festa,
Eu sou a Mangueira em Tom maior
Salve o samba de terreiro, salve o Rio de Janeiro,
Seus recantos naturais

Se todos fossem iguais a você,
que maravilha seria viver"
Se todos fossem iguais a você - Estação Primeira de Mangueira

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

É que não me apercebi mesmo

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O Carlinhos Brown lançou um disco de originais em 2016 com o título "ARTEFIREACCUA - Incinerando inferno" e eu só descobri esta semana. É mais um disco cheio de melodias singelas e maravilhosas na linha dos discos "Adrobó" e "Diminuto" misturadas com alguns temas que invocam as suas raízes do batuque baiano. Para mim, o expoente máximo do disco é a balada "Dois grudados" que inclui a participação da potente e inconfundível voz de Arnaldo Antunes. Inclui mais uma ode maravilhosa ao Rio de Janeiro no tema "Ruidinho nu", um dueto com a bela voz da Clara de Hollanda, uma mistura genética rica em talento já que é neta do Chico Buarque e filha do próprio Carlinhos Brown e que fez a sua estreia mediática na versão brasileira do programa "The voice". Só coisas boas e eu distraído!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Uma verdadeira pérola

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Adoro Marisa Monte e isso é visível neste blog e na minha vida e também adoro Novos Baianos mas isso é algo menos perceptível e tem uma explicação. Estranhamente, é uma paixão recente. Conheço há muitos anos, ouvia alguns temas, os originais e algumas versões feitas por músicos mais contemporâneos mas só há pouco tempo deu o clique e, talvez, por causa da brilhante interpretação do tema "Mistério do planeta" num concerto ao vivo do Rodrigo Amarante há um ou dois anos. E aí fiquei com uma vontade clara de explorar mais o trabalho deste grupo tão esdrúxulo e marcante para um certo estilo de manifestação cultural e até de vida. Quem gosta de música brasileira identifica automaticamente o grupo de excêntricos Moraes Moreira, Pepeu Gomes e Baby Consuelo e lembra-se também, com certeza, da bela interpretação da Baby Consuelo do tema de Caetano Veloso, "Menino do Rio" que servia de genérico para a telenovela "Água viva". Esta incrível música, "A menina dança", ouvia-a pela primeira vez na voz e na versão da Marisa Monte, faz parte de um disco maravilhoso ao vivo chamado "Barulhinho Bom" e tive a sorte de assistir a dois concertos dessa tournée. Sempre adorei esta música, tem good vibe e um groove contagiante mas fiquei também rendido à versão original que está incluída no maravilhoso disco "Acabou chorare" de 1972 e que inclui ainda a já falada "Mistério da planeta", a maravilhosa "Brasil pandeiro" e a doce "Preta, pretinha", entre outras. Curiosamente, ou não, faz ainda parte da formação da banda que acompanha a Marisa, um dos músicos da formação original dos Novos Baianos, o baixista, produtor e compositor Dadi. Este videoclip junta o passado com o contemporâneo e os Novos Baianos com a Marisa Monte e é absoltamente delicioso.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Descubra as diferenças

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Ou, por outras palavras, como transformar um hit popular em algo totalmente diferente e cheio de bom gosto. Dois exemplos maravilhosos de reinvenção de duas músicas da rainha do pop carioca, Anitta. A primeira já tem alguns anos e usa a fórmula meio caseira dos vídeos do Youtube que já revelou vários talentos. Usa os códigos da Bossa Nova e da música de chill out e transforma um dos hits dançantes num simples mas harmonioso enredo musical que permite e potencia que as bonitas vozes brilhem. Alguém imaginou que o "Show das poderosas" dava nisso?! A segunda música e versão é mais recente e é um pouco mais elaborada, inclusivamente no videoclip, realizado com extraordinário bom gosto e carregado de criatividade. É uma versão da música "Bang" que também usa o modo meio acústico mas acrescenta pormenores deliciosos de um violoncelo congruente e bastante saliente e, na minha opinião, muda, inclusivamente, a lógica e o enredo da própria música. Gosto deste miúdo.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

"Fundo da garrafa"

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Nova música dos Azeitonas no ano em que iniciam uma nova fase sem um dos seus pilares e um dos seus criadores, Miguel Araújo. Já é quase raro vermos videoclips com qualidade em Portugal e este contrariou essa regra, a animação está primorosa.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Novo ano, nova música

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"Say something loving", segundo tema apresentado do próximo álbum da dupla The XX que sairá ainda este mês de Janeiro.