quarta-feira, 27 de março de 2013

Rio eu te amo

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Expressão realmente verdadeira e sintomática na minha vida vai também transformar-se em expressão idiomática graças à força popular mas também ao movimento / plataforma #RioEuTeAmo. Esta plataforma tem vindo a realizar e  a incentivar gestos de amor pela cidade. Começaram em 2012 e pretendem realizar eventos e ações envolvendo arte, música, desporto, cinema, literatura e cidadania. O projeto irá ter o seu grande apogeu em 2014, no lançamento de "Rio Eu Te Amo", um filme que segue o formato já feito para outras cidades emblemáticas como Paris e Nova Iorque, com 10 histórias de amor vividas no Rio e assinadas por diretores de cinema brasileiros e estrangeiros, e com elenco internacional.

Uma das iniciativas foi uma feijoada acompanhada de samba, no morro da Mangueira e com a participação da Velha Guarda da Estação Primeira e do puxador Jamelão Netto que, tal como o seu nome indica é neto dessa grande personagem da escola e do morro, Jamelão.

O poema e a música que se escuta no vídeo é uma canção de mais um amante da Estação Primeira, Chico Buarque e chama-se, como não podia deixar de ser, "Linguagem do morro".



"Tudo lá no morro é diferente
Daquela gente não se pode duvidar
Começando pelo samba quente
Que até um inocente
Sabe o que é sambar
Outro fato muito importante
E também interessante
É a linguagem de lá
Baile lá no morro é fandango
Nome de carro é carango
Discussão é bafafá
Briga de uns e outros
Dizem que é burburim
Velório no morro é gurufim
Erro lá no morro chamam de vacilação
Grupo do cachorro em dinheiro é um cão
Papagaio é rádio

Grinfa é mulher
Nome de otário é Zé Mané

Numa vasta extensão
Onde não há plantação
Nem ninguém morando lá
Cada pobre que passa por ali
Só pensa em construir seu lar

E quando o primeiro começa
Os outros depressa procuram marcar
Seu pedacinho de terra pra morar

E assim a região
sofre modificação
Fica sendo chamada de a nova aquarela

E é aí que o lugar
Então passa a se chamar favela

Se o operário soubesse
Reconhecer o valor que têm seus dias
Por certo que valheria
Duas vezes mais o seu salário

Mas como não quer reconhecer
É ele escravo sem ser
De qualquer usurário

Abafa-se a voz do oprimido
Com a dor e o gemido
Não se pode desabafar
Trabalho feito por minha mão
Só encontrei exploração
Em todo lugar

Se o operário soubesse
Reconhecer o valor que têm seus dias
Por certo que valheria
Duas vezes mais o seu salário

Mas como não quer reconhecer
É ele escravo sem ser
De qualquer usurário"
Linguagem do morro - Chico Buarque

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