terça-feira, 8 de novembro de 2016

O Orfeu da Transformação

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Está a assinalar-se no Brasil o sexagésimo aniversário da estreia da peça "Orfeu da Conceição" escrita por Vinícius de Moraes e com música do, então, pianista António Carlos Jobim que, à data, era um jovem com uns imberbes 29 anos.
A peça estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e é uma adaptação em forma de peça musical do mito grego de Orfeu transposto à realidade das favelas cariocas e ao ambiente do carnaval carioca. Além desta dupla virtuosa há ainda a juntar a todo este talento o arquiteto Oscar Niemeyer que foi o responsável pela cenografia da peça. A peça apresentou também um facto bastante arrojado e talvez até controverso para a época, o elenco era inteiramente composto por atores e atrizes de raça negra.
O musical esteve longe de ser um sucesso e teve uma vida muito curta mas o mais importante foi ter sido o motivo e, talvez, a inspiração para uma parceria brilhante e duradoura que gerou dezenas de obras primas dsa música popular brasileira e da bossa nova e que foi um eixo nevrálgico de transformação da música e da cultura popular do Brasil.
O Vinícius não conhecia o jovem Tom que lhe foi aconselhado por um amigo em comum, Lucio Rangel e o encontro aconteceu no ainda existente Bar Villarino no centro do Rio onde Vinícius era visita regular. Conta-se que o jovem Tom Jobim que, na altura vivia da venda de músicas e arranjos para os bares de Copacabana e que "andava sempre atrás do aluguel", perguntou ao já famoso e reconhecido Vinícius quando recebeu o convite, "Tem algum dinheirinho nisso?".
Entre as músicas escritas especialmente para o musical estão os sucessos, "Lamento no morro" e a maravilhosa "Se todos fossem iguais a você" aqui interpretada maravilhosamente pelos mestres.

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