quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Os 100 sambas fundamentais

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O jornal O Globo e o seu jornalista Eduardo Rodrigues conduziram uma recolha para a criação de uma lista a que chamaram os 100 sambas fundamentais que pretendem representar as criações mais significativas deste estilo musical que, como já referi noutros posts, acabou de celebrar 100 anos.
Para isso convidou dezenas de cantores, compositores, investigadores e jornalistas, todos eles consagrados e de inquestionável legitimidade para eleger uma lista deste tipo, Podem ver a seleção aqui e os convidados e respetivas votações aqui.
Nem todos votaram da mesma forma e a escolha será sempre arbitrária pois é fruto de critérios muito próprios de que foi desafiado mas não deixa de ser um registo relevante e uma ótima playlist para quem gosta de samba.
Existe já a playlist no Spotify e relativamente a esta não há, no entanto, nenhum comentário acerca do critério de escolha das versões selecionadas para a ilustrar mas aqui está ela e também a lista para quem a quiser explorar.

Vingança – Jamelão
Mora na filosofia – Marlene
Na minha palhoça – Lúcio Alves
Três apitos – aracy de almeida
Apesar de você – Chico Buarque, MPB4, Quarteto em Cy
Tempos idos – Cartola, Odette Amaral
Me deixa em paz – Milton Nascimento, Alaíde Costa
Se acaso você chegasse – Elza Soares
Lenço – Velha Guarda da Portela, Zeca Pagodinho
Samba do grande amor – Chico Buarque
Kizomba, a festa da raça – Luiz Carlos da Vila
Retalhos de cetim – Benito di Paula
Heróis da liberdade – Roberto Ribeiro
Preciso me encontrar – Cartola
Gostoso veneno – Weilson Moreira, Nei Lopes
Batuque na cozinha – Martinho da Vila
Alvorecer – Clara Nunes
Patrão, prenda seu gado – Martinho da Vila
Alguém me avisou – Dona Ivone Lara
Opinião – Zé Keti
Feitiço da Vila – Ney Matogrosso, Francis Hime, Raphael Rabello
O mundo é assim – Velha Guarda da Portela
Alegria – Orlando Silva
Não tem tradução – João Nogueira
Eu vim da Bahia – Gilberto Gil
Na baixa do sapateiro – Gal Costa
Espelho – João Nogueira
Acertei no milhar – Moreira da Silva
Ai que saudades da Amélia – Noite Ilustrada
Brasil Pandeiro – Novos Baianos
Águas de Março – António Carlos Jobim, Elis Regina
Rugas – Nelson Cavaquinho
Desde que o samba é samba – Caetano Veloso, Gilberto Gil
Portela na avenida – Clara Nunes
Agora é cinza – Wilson Simonal
Palpite infeliz – Nelson Gonçalves
Construção – Chico Buarque
Nova Ilusão – Paulinho da Viola
Conselho – Almir Guineto
Morrendo de saudade – Beth Carvalho
Com que roupa? – Noel Rosa
Saudosa Maloca – Adoniran Barbosa
Acontece – Cartola
Pelo telefone – Altamiro Carrilho, Paulo Tapajós
Casa de bamba – Martinho da Vila
Nação – João Bosco
Canta, canta, minha gente – Martinho da Vila
Bebeto Loteria – Grupo Fundo de Quintal
Trem das onze – Adoniran Barbosa
O pequeno Burguês – Martinho da Vila
Vou festejar – Beth Carvalho
Pintura sem arte – Candeia
Meu drama (Senhora Tentação) – Cartola
Agoniza mas não morre – Nelson Sargento, Beth Carvalho
Yaô – Pixinguinha, Clementina de Jesus, João da Bahiana
Apoteose ao samba – Jamelão
Senhora Liberdade – Nei Lopes, Zé Renato, Wilson Moreira
O x do problema – Luiz Melodia, Carlos Lyra
Camisa amarela – Nara Leão
Divina dama – Elton Medeiros, Gaio Preto, Nelson Sargento
Quem te viu, quem te vê – Chico Buarque
O show tem de continuar – Grupo Fundo de Quintal
Filosofia – Chico Buarque
O mundo é um moínho – Cartola
Sorriso aberto – Jovelina Pérola Negra
O mestre sala dos mares – Elis Regina
Vai passar – Chico Buarque
Disritmia – Martinho da Vila
Antonico – Gal Costa
A primeira vez – João Gilberto
Jura – Zeca Pagodinho
Juízo Final – Clara Nunes
Poder da criação – João Nogueira
Coração em desalinho – Monarco
Os cinco bailes da história do Rio – Wilson das Neves
Dia de graça – Candeia
Coisas do mundo minha nega – Paulinho da Viola
O samba da minha terra – Dorival Caymmi
O sol nascerá (A sorrir) – Cartola
Tive sim – Cartola
Além da razão – Luis Carlos da Vila
Saudades da Guanabara – Moacyr Luz
Onde a dor não tem razão – Paulinho da Viola
A flor e o espinho – Nelson Cavaquinho
Chega de saudade – João Gilberto
Pressentimento – Roberto Silva
Luz Negra – Nelson Cavaquinho
Aquele abraço – Gilberto Gil
Aquarela do Brasil – Gal Costa
Falsa Baiana – Roberto Silva
As rosas não falam – Cartola
O bêbado e o equilibrista – Elis Regina
Feitio de oração – Luiz Melodia, Joaõ Nogueira
Conversa de botequim – Moreira da Silva
Se você Jurar  – Ismael Silva
Último desejo – Gal Costa, Marco Pereira
A voz do morro – Zé Keti
Folhas secas – Beth Carvalho
Foi um rio que passou na minha vida – Paulinho da Viola
Aquarela Brasileira – Pires, Neguinho da Beija-Flor, Dominguinhos do Estácio, Rixxa

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

"Poder da criação"

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Ontem, dia 27 de novembro celebrou-se oficialmente os 100 anos do nascimento do samba, uma riqueza cultural do Brasil que é mais uma a demonstração perfeita da riqueza gerada pela fusão de culturas e de influências de várias partes do mundo. A génese do samba é a génese da própria história do Brasil e mesmo de Portugal e aquilo que provocou a sua chegada e colonização do país.
Os ritmos e os batuques trazidos pelos escravos, o cavaquinho e as violas trazidas pelos portugueses, o pandeiro que surgiu fruto de isntrumentos também trazidos pelos portugueses mas de origem mourisca e até o facto do Rio de Janeiro ser o Berço do samba tem a ver com a conjugação de acontecimentos da história que permitiram a formação deste fenómeno cultural que é agora um dos símbolos da identidade brasileira e, talvez, a maior manifestação popular totalmente transversal às classes sociais, inclusiva e igualitária numa sociedade ainda muito estratificada e discriminatória.
O samba de João Nogueira "Poder da criação" é uma boa representação da essência do samba, algo que parece que tem inspiração divina ou, pelo menos, quer-se pensar que sim mas que se traduz em versos simples que, quase por magia, se transformam em belas canções acerca do cotidiano do povo. E por ser do povo e para o povo, todos as vivem e todos as cantam.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Grande música nova da Mayrinha

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Gosto muito da Mayra Andrade, da sua voz quente e envolvente, dos ritmos tropicais que transporta consigo e do seu estilo moderno e contemporâneo mas que não renega a tradição rica, intensa e prodigiosa da cultura de Cabo Verde.
A Mayra tem música nova, uma participação numa música do último trabalho de Branko, um dos elementos da multicultural banda Buraka Som Sistema. A banda acabou mas os seus músicos continuam ativos em diversos projetos e este, felizmente, convidou a Mayra, a música chama-se "Reserva pra dois" e aconselho que reservem vários momentos para a escutarem.
Gosto tanto da Mayra.
   

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Tô dividido

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É já neste sábado, dia 26, que a orquestra bamba Social apresenta o seu trabalho de estreia. Tenho pena mas a distância (é no Porto) e o concerto da Elza Soraes não nos permitem estar neste momento único e que, acredito, será muito especial. Têm vindo a divulgar os temas que estarão incluídos no seu trabalho de estreia e espero com todos os meus anseios que incluam neste disco a versão do tema "Tô" do Tom Zé que no seu original já é incrível mas que ganha uma nova vida com os suígues do samba. "Tô bem de baixo prá poder subir
Tô bem de cima prá poder cair
Tô dividindo prá poder sobrar
Desperdiçando prá poder faltar
Devagarinho prá poder caber
Bem de leve prá não perdoar
Tô estudando prá saber ignorar
Eu tô aqui comendo para vomitar

Eu tô te explicando
Prá te confundir
Eu tô te confundindo
Prá te esclarecer
Tô iluminado
Prá poder cegar
Tô ficando cego
Prá poder guiar

Suavemente prá poder rasgar
Olho fechado prá te ver melhor
Com alegria prá poder chorar
Desesperado prá ter paciência
Carinhoso prá poder ferir
Lentamente prá não atrasar
Atrás da vida prá poder morrer
Eu tô me despedindo prá poder voltar
" Tô - Bamba Social (Tom Zé)

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Aniversário da Marron

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Hoje, 21 de Novembro é o aniversário da maravilhosa Alcione, cantora natural de São Luis do Maranhão e uma das vozes mais poderosas da música popular brasileira. Uma das minhas preferidas é este "Gostoso veneno" que lhe permite demonstrar toda a potência e a versatilidade da sua voz.

Semana rara

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Contagem decrescente para os concertos do Zeca e da Elza. Dois pedidos formulados, um para cada um deles, "Insensato destino" e "Dura na queda".

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Silva canta Marisa

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Foi hoje apresentado o novo trabalho do músico e produtor Silva em que interpreta canções da Marisa Monte. Silva revisita várias etapas da carreira da marisa e dá às músicas novos arranjos e roupagens de acordo com o seu estilo. Além de clássicos e outras menos conhecidas inclui ainda um inédito com a participação da própria Marisa, chamada "Noturna".
Para mim é sempre uma boa razão escutar o trabalho da Marisa e esta abordagem traz um pouco mais de melancolia que se justa ao Inverno europeu que nos começa a visitar neste preciso momento.

Amanhã é sábado!

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Há muito tempo que este tão eloquente e bonito dueto da Roberta Sá e do Martinho da Vila não fazia tanto sentido para mim como nesta sexta-feira.
Verdade absoluta, amanhã é mesmo sábado e a mim vai saber-me tão bem e o domingo ainda melhor.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Hoje, porque sim

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"Procuro nas coisas vagas ciência
Eu movo dezenas de músculos para sorrir
Nos poros a contrair, nas pétalas de jasmin
Com a brisa que vem roçar da outra margem do mar

Procuro na paisagem cadência
Os átomos coreografam a grama do chão
Na pele braile pra ler na superfície de mim
Milímetros de prazer, quilômetros de paixão

Vem pra esse mundo, Deus quer nascer
Há algo invisível e encantado entre eu e você
E a alma aproveita pra ser a matéria e viver"
A alma e a matéria - Marisa Monte

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Nua

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Saiu, no passado dia 11, o novo disco da fadista Gisela João. É o seu segundo e aparece 3 anos após a seu disco de estreia.
É um disco que junta poetas consagrados portugueses como Alexandre O'Neil com o lindo poema "Há palavras que nos beijam" e que beija também a música brasileira ao incluir os dois maiores sucessos do sambista e compositor Cartola, "As rosas não falam" e "O mundo é um moinho" e é nestes momentos em que se percebe que o fado não está assim tão distante do samba-canção e do seu ritmo mais moderado.
O fado "Labirinto ou não foi nada" com poema de David Mourão-Ferreira é a música escolhida para apresentação do trabalho que se chama simplesmente, "Nua".

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Lamento do Vinícius

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Vinicius tinha uma profunda admiração pelo amigo Pixinguinha. Dizia sempre que, se um dia reencarnasse, gostaria de voltar como o músico. O poeta colocou letra no famoso choro "Lamento", mais de trinta anos depois de sua gravação.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

So long Mr. Cohen

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Ou o dia em que a própria melancolia acordou melancólica.

"Ah, the moon's too bright
The chain's too tight
The beast won't go to sleep
I've been running through these promises to you
That I made and I could not keep
Ah, but a man never got a woman back
Not by begging on his knees
Or I'd crawl to you baby and I'd fall at your feet
And I'd howl at your beauty like a dog in heat"
I'm your man - Leonard Cohen

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Orquestra Bamba Social

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Como eles referem, "a paixão pelo samba juntou este colectivo de músicos luso\brasileiros" e em boa hora! Não tenho a certeza mas parece-me que estão a sua base é no Porto têm várias formações chegando a ser a tal orqu3estra de 15 músicos. E quando são orquestra conseguem recriar o ambiente e o som das velhas gafieiras cariocas ainda por cima porque fazem questão de revisitar os  clássicos da música brasileira desde os anos 30 até aos dias de hoje, reinventando-os e conferindo-lhes novas sonoridades que advêm da mistura única deste projeto.
Dizem ainda que "Bamba Social como o nome indica, é acima de tudo um conceito que revive os anos dourados da boémia carioca, onde a música, a dança e o convívio se fundiam em alegres bailes!". E isso reflete-se nas suas atuações ao vivo como está demonstrado nos vídeos que estão no Youtube da sua atuação na NOS D'Bandada de 2014.
Estão neste momento a finalizar o seu primeiro Ep e esta recriação do tema "Diz que fui por aí" é a primeira amostra. Que maravilha!

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Edu Mundo

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"Edu Mundo, Márcio Silva no BI (Souls of Fire, Terrakota) aventura-se agora perante o imaginário daqueles que o ouvem. Se o silêncio falasse, certamente só os que não são do mundo ficariam na plateia.
O estúdio tem sido a sua segunda casa, onde prepara o disco de lançamento que contará com algumas participações especiais." Esta é a nota biográfica que Edu Mundo tem na sua página de Facebook.
Confesso que nunca tinha ouvido falar dele apesar de, inconsciente, já o conhecer devido à sua participação na banda de reggae nortenha, de Leça da Palmeira, Souls of Fire. Foi um acaso que me fez descobrir que era ele o autor da música "Pantomineiro" que o António Zambujo incluiu no seu disco de 2014 "Rua da Emenda".
Foi também por acaso mas com enorme prazer que encontrei a sua versão da mesma música e outros exemplos desta sua recente escolha de enveredar por este rumo a solo.
É mais uma excelente demonstração da vivacidade e da indubitável qualidade da música portuguesa da atualidade. Fico a aguardar esse tão ansiado trabalho.
Edu Mundo - (Verão) from OFFICE FOR LOCAL ARTS on Vimeo.
Edu Mundo - Pantomineiro from Cavalo Azul on Vimeo.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

O Orfeu da Transformação

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Está a assinalar-se no Brasil o sexagésimo aniversário da estreia da peça "Orfeu da Conceição" escrita por Vinícius de Moraes e com música do, então, pianista António Carlos Jobim que, à data, era um jovem com uns imberbes 29 anos.
A peça estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e é uma adaptação em forma de peça musical do mito grego de Orfeu transposto à realidade das favelas cariocas e ao ambiente do carnaval carioca. Além desta dupla virtuosa há ainda a juntar a todo este talento o arquiteto Oscar Niemeyer que foi o responsável pela cenografia da peça. A peça apresentou também um facto bastante arrojado e talvez até controverso para a época, o elenco era inteiramente composto por atores e atrizes de raça negra.
O musical esteve longe de ser um sucesso e teve uma vida muito curta mas o mais importante foi ter sido o motivo e, talvez, a inspiração para uma parceria brilhante e duradoura que gerou dezenas de obras primas dsa música popular brasileira e da bossa nova e que foi um eixo nevrálgico de transformação da música e da cultura popular do Brasil.
O Vinícius não conhecia o jovem Tom que lhe foi aconselhado por um amigo em comum, Lucio Rangel e o encontro aconteceu no ainda existente Bar Villarino no centro do Rio onde Vinícius era visita regular. Conta-se que o jovem Tom Jobim que, na altura vivia da venda de músicas e arranjos para os bares de Copacabana e que "andava sempre atrás do aluguel", perguntou ao já famoso e reconhecido Vinícius quando recebeu o convite, "Tem algum dinheirinho nisso?".
Entre as músicas escritas especialmente para o musical estão os sucessos, "Lamento no morro" e a maravilhosa "Se todos fossem iguais a você" aqui interpretada maravilhosamente pelos mestres.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

"Sou maloqueiro sou"

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Sabotage era o nome artístico do compositor, cantor e ator brasileiro Mauro Mateus dos Santos que morreu em 2003, aos 30 anos assassinado com 4 tiros nas costas e consequência da vida turva e violenta que teve até aí. Foi assaltante e até gerente do tráfico na zona sul de São Paulo mas o seu talento permitiu-lhe uma oportunidade de salvação que infelizmente não foi suficiente. Gravou apenas um disco a solo, "O rap é compromisso" e entrou no marcante filme "Carandiru" onde também participou na banda sonora. Esta incrível música "Mun-Rá" também faz parte de uma banda sonora do filme "Invasor", onde ele também participou, e é mais uma parceria com o projeto Instituto, uma iniciativa que começou como um núcleo de produtores musicais ligados ao rap e à música independente do Brasil e chegou a tornar-se numa banda, formada para fazerem atuações ao vivo. A morte dele continua envolta em polémica pois ele tinha deixado o passado criminosa para trás há mais de 10 anos.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

"Devagar com a louça..."

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Saudades da Orquestra Imperial. Muitas mesmo. Um show da Orquestra é a garantia de umas horas bem divertidas e um motivo irresistível para o nosso corpo incorporar movimentos e reflexos que nunca acharíamos que ele conhecesse e possuísse. Independentemente de não se gostar detodo o cancioneiro que interpretam é absolutamente impossível ficar indiferente e, acima de tudo, parado. Tenho saudades da orquestra Imperial.