terça-feira, 14 de abril de 2009

Os Maias

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Já algum tempo que tinha vontade de reler o nosso Eça depois de o ter lido há muitos anos, por obrigação e por dever num ano qualquer do liceu na disciplina de Português. Por dever mas já nessa altura com muito prazer e o prazer multiplicou-se nesta nova leitura onde já não havia pressão absolutamente nenhuma e também porque não me lembrava de quase nada do livro, a não ser o culminar da estória. Mesmo assim foram momentos muito bem passados com o Carlos, o Ega, o avô Afonso, as descrições sensuais da Maria Eduarda, a paixão latente, a vulgaridade das infidelidades numa época tão rigorosa e, infelizmente, a mesquinhez e a mentalidade pequenina e deslumbrada da sociedade portuguesa. Existem de facto muito mais coisas actuais do que se julgaria num livro com quase 150 anos. Grande Eça que tantas vezes me emocionou:
"(...) Ega ergueu-se, atirou um gesto desolado:
- Falhámos a vida, menino!
- Creio que sim... Mas todo o mundo mais ou menos a falha. Isto é, falha-se sempre na realidade aquela vida que se planeou com a imaginação. Diz-se: Vou ser assim, porque a beleza está em ser assim. E nunca se é assim, é-se invariavelmente assado, como dizia o pobre marquês. Às vezes melhor, mas sempre diferente. (...)".
Eça de Queiroz - Os Maias

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