O último disco dos Jamiroquai saiu em 2010, ou seja, 7 anos sem nenhum original desta banda tão especial e originalmente funk. Hoje saiu a primeira amostra do seu novo disco, o tema "Automaton" que dará nome ao ao seu oitavo trabalho que sairá para o mercado no próximo dia 31 de Março.
No dia 5 de Agosto deste ano estarão no Festival Sudoeste na Zambujeira do Mar.
Fez ontem 90 anos que num dos bairros mais tradicionais do Rio de Janeiro, o bairro da Tijuca, que nasceu o futuro pianista, cantor, arranjador, guitarrista, compositor e maestro António Carlos Jobim, o maior expoente da música brasileira e um dos fundadores do movimento Bossa Nova. A data redonda pede uma homenagem especial a uma figura que influenciou de forma determinante o meu gosto musical e, mais que isso, a minha paixão pela música no geral e pela MPB em particular.
Obviamente, contribui também para o meu amor tão grande e tão especial à sua cidade natal, o belo Rio de janeiro.
O maestro Tom Jobim tinha uma qualidade muito particular, a sua paixão pelas suas raízes musicais mais tradicionais e isso dava uma amplitude e uma abrangência extraordinária ao seu ecletismo musical. Essa paixão garantiu que desde o início da sua carreira e até ao seu desaparecimento, o seu talento e o seu trabalho nunca se tenha separado dessas raízes, pelo contrário foi sempre usado para enriquecer essa cultura nacional, inclusivamente no estilo mais tradicional da vida carioca, o samba. Lembro-me de um disco que comprei há muitos anos no Rio com temas do Tom Jobim chamado "No Tom da Mangueira", e que incluia, entre outras, a linda "Piano na Mangueira". Era um disco que assinalava o desfile da Mangueira no Carnaval de 1992 em que o samba-enredo foi uma homenagem ao maestro e a todo o seu trabalho. Felizmente, Tom Jobim ainda teve oportunidade de ver essa bonita homenagem e assim é que deve ser, demonstrar o nosso respeito e admiração em vida e, no caso de um samba-enredo esse facto ainda assume uma importância maior pois não há homenagem mais gloriosa que ser tema de uma samba-enredo e nunca se deverá tirar o prazer de assistir a esse momento único na vida.
Salve maestro, como diz o samba, "Se todos fossem iguais a você, que maravilha seria viver"!
"Mangueira vai deixar saudade
Quando o carnaval chegar ao fim
Quero me perder na fantasia
Que invade os poemas de Jobim
Amanheceu, o Rio canta de alegria
Aconteceu a mais linda sinfonia
O sol já despontou na serra,
Molhando o seu corpo sedutor
O mar beija a garota de Ipanema,
a musa de um sonhador
O mar beija a garota de Ipanema,
a musa de um sonhador
É carnaval, é a doce ilusão,
É promessa de vida no meu coração
É carnaval, é a doce ilusão,
é promessa de vida no meu coração (Mas vem ... )
Vem, vem amar a liberdade,
Vem cantar e sorrir, ter um mundo melhor
Vem, meu coração está em festa,
Eu sou a Mangueira em Tom maior
Salve o samba de terreiro, salve o Rio de Janeiro,
Seus recantos naturais
Se todos fossem iguais a você,
que maravilha seria viver"
Se todos fossem iguais a você - Estação Primeira de Mangueira
O Carlinhos Brown lançou um disco de originais em 2016 com o título "ARTEFIREACCUA - Incinerando inferno" e eu só descobri esta semana. É mais um disco cheio de melodias singelas e maravilhosas na linha dos discos "Adrobó" e "Diminuto" misturadas com alguns temas que invocam as suas raízes do batuque baiano.
Para mim, o expoente máximo do disco é a balada "Dois grudados" que inclui a participação da potente e inconfundível voz de Arnaldo Antunes. Inclui mais uma ode maravilhosa ao Rio de Janeiro no tema "Ruidinho nu", um dueto com a bela voz da Clara de Hollanda, uma mistura genética rica em talento já que é neta do Chico Buarque e filha do próprio Carlinhos Brown e que fez a sua estreia mediática na versão brasileira do programa "The voice". Só coisas boas e eu distraído!
Adoro Marisa Monte e isso é visível neste blog e na minha vida e também adoro Novos Baianos mas isso é algo menos perceptível e tem uma explicação. Estranhamente, é uma paixão recente. Conheço há muitos anos, ouvia alguns temas, os originais e algumas versões feitas por músicos mais contemporâneos mas só há pouco tempo deu o clique e, talvez, por causa da brilhante interpretação do tema "Mistério do planeta" num concerto ao vivo do Rodrigo Amarante há um ou dois anos. E aí fiquei com uma vontade clara de explorar mais o trabalho deste grupo tão esdrúxulo e marcante para um certo estilo de manifestação cultural e até de vida.
Quem gosta de música brasileira identifica automaticamente o grupo de excêntricos Moraes Moreira, Pepeu Gomes e Baby Consuelo e lembra-se também, com certeza, da bela interpretação da Baby Consuelo do tema de Caetano Veloso, "Menino do Rio" que servia de genérico para a telenovela "Água viva".
Esta incrível música, "A menina dança", ouvia-a pela primeira vez na voz e na versão da Marisa Monte, faz parte de um disco maravilhoso ao vivo chamado "Barulhinho Bom" e tive a sorte de assistir a dois concertos dessa tournée. Sempre adorei esta música, tem good vibe e um groove contagiante mas fiquei também rendido à versão original que está incluída no maravilhoso disco "Acabou chorare" de 1972 e que inclui ainda a já falada "Mistério da planeta", a maravilhosa "Brasil pandeiro" e a doce "Preta, pretinha", entre outras.
Curiosamente, ou não, faz ainda parte da formação da banda que acompanha a Marisa, um dos músicos da formação original dos Novos Baianos, o baixista, produtor e compositor Dadi.
Este videoclip junta o passado com o contemporâneo e os Novos Baianos com a Marisa Monte e é absoltamente delicioso.
Ou, por outras palavras, como transformar um hit popular em algo totalmente diferente e cheio de bom gosto. Dois exemplos maravilhosos de reinvenção de duas músicas da rainha do pop carioca, Anitta.
A primeira já tem alguns anos e usa a fórmula meio caseira dos vídeos do Youtube que já revelou vários talentos. Usa os códigos da Bossa Nova e da música de chill out e transforma um dos hits dançantes num simples mas harmonioso enredo musical que permite e potencia que as bonitas vozes brilhem. Alguém imaginou que o "Show das poderosas" dava nisso?!
A segunda música e versão é mais recente e é um pouco mais elaborada, inclusivamente no videoclip, realizado com extraordinário bom gosto e carregado de criatividade. É uma versão da música "Bang" que também usa o modo meio acústico mas acrescenta pormenores deliciosos de um violoncelo congruente e bastante saliente e, na minha opinião, muda, inclusivamente, a lógica e o enredo da própria música. Gosto deste miúdo.
Nova música dos Azeitonas no ano em que iniciam uma nova fase sem um dos seus pilares e um dos seus criadores, Miguel Araújo.
Já é quase raro vermos videoclips com qualidade em Portugal e este contrariou essa regra, a animação está primorosa.